Muitos de nós já devem ter escutado sobre Santa Gianna Beretta Molla, esposa, mãe e médica, que, depois de ser diagnosticada com um tumor no útero, colocou a vida de seu filho no ventre em primeiro lugar. Ela recusou a histerectomia e outros tratamentos que poderiam colocar a vida do bebê em risco. Como resultado, ela morreu uma semana após dar à luz a sua filha Gianna Emanuela Molla.
Eu estava na cozinha preparando outra refeição quando escutei Gianna Emanuela falando em uma estação católica na rádio em 2016. Sua voz e suas palavras, em inglês fluente com um sotaque italiano, falando sobre sua “mamãe no paraíso”, me tocou fortemente. Foi a primeira vez que eu escutei a história dessa Santa, uma mãe assim como eu, e imediatamente eu me apaixonei pela mãe e filha.
A partir desse momento, um desejo de estabelecer uma relação pessoal com essa “nova” santa se tornou bem forte.
Enquanto eu lia sobre a santa e compartilhava algumas amáveis conversas, face a face e por e-mail, com a Gianna Emanuela, a filha, eu descobria belas coisas enquanto essa amizade crescia, especialmente a maravilhosa presença de Nossa Senhora durante a sua vida. Santa Gianna verdadeiramente absorveu a força de Nossa Senhora e se apoiou nela com incrível confiança.
Aprendendo a devoção mariana na sua infância
Desde quando ela se lembra, a família de Santa Gianna se reunia toda noite para rezar o Rosário. Seu pai ficava de pé ao lado de uma pintura ou pequena estátua de Nossa Senhora enquanto as crianças ficavam de joelhos. Era um momento de grande alegria para a família, “Ïl momento più bello della serata“, “O momento mais belo da noite”, como os irmãos de Santa Gianna descreveriam.
Permanecendo junto a Maria na juventude
A tradição de rezar o Rosário nunca cessou e o amor por Nossa Senhora cresceu forte com Gianna. Ela sempre carregava consigo um rosário, seja na sua mochila, bolsa ou bolso, e sempre encontraria um tempo para rezá-lo. Mesmo quando na Universidade e estudando muito para se formar ou depois de um longo e cansativo dia, sempre tinha tempo para o rosário.
“Reze o Rosário”, ela dizia para as garotas no seu pequeno grupo de corrida, “porque sem a ajuda de Nossa Senhora nós não chegaremos ao Céu”. “Sorria para ela”, ela dizia a elas, “imite-a com a sua vida, de modo que qualquer um que olhe para você seja elevado para pensamentos santos”. Ela sabia que Maria era a chave para a sua fé. Gianna sabia que Nossa Senhora era a pessoa que a levaria para Cristo.
Seguindo Maria até a sua vocação
“Nossa felicidade, seja ela terrena e eterna, depende totalmente em entrar na sua vocação“, ela sempre dizia. Para ela, era vital saber o que Deus queria dela e alegremente servi-Lo assim como Maria o fez, seja isso como missionária ou como esposa e mãe.
Foi para Nossa Senhora de Lourdes que ela rezou, pedindo à Maria que a ajudasse a encontrar um marido santo com quem ela pudesse continuar a servir Nosso Senhor.
Em 8 de Dezembro, na Solenidade da Imaculada Conceição, Gianna conheceu Pietro. Sem que ela soubesse, Pietro também pediu à Nossa Senhora que encontrasse uma santa esposa com quem pudesse construir uma família cristã.
Era então óbvio que Nossa Senhora tinha respondido às suas orações. Gianna plenamente entrou em sua vocação, sua felicidade era tangível, e ela era uma luz radiante para aqueles que conviviam com ela.
Gianna se casou com Pietro em 24 de Setembro de 1955, em uma bela cerimônia. Cravos brancos foram as flores escolhidas. A Igreja estava cheia deles.
Tem uma tradição cristã que diz que cravos apareceram na terra quando Cristo foi crucificado, como que brotassem das lágrimas de Nossa Senhora caídas no chão. Por essa razão, eles significariam o puro e imortal amor de mãe, uma escolha bem apropriada, que parece proclamar o que estava por vir.
Depois do casamento, ao invés do costume usual, ela ofereceu seu buquê à Nossa Senhora. Esse foi um sinal bem visível do seu amor, devoção e confiança em nossa Santa Mãe e maravilhoso gesto para começar o casamento.
Devoção mariana na sua vida familiar
Gianna tinha uma especial devoção por Nossa Senhora do Carmo e amava visitá-la em vários santuários. Essas jornadas eram acompanhadas de um pequeno sacrifício e jejum. Isso a fazia sentir-se mais perto de Nossa Senhora. Foi natural, então, que Pietro e Gianna pagaram uma viagem à Nossa Senhora de Pompeia na sua lua de mel. Peregrinações familiares aconteceram, sendo bem importante para o crescimento da família.
O apaixonado olhar de Maria nunca deixou de acompanhar aquela pequena família. À medida que cada nova criança vinha ao mundo e nascia novamente pelas águas do batismo, ele ou ela era consagrado e colocado à proteção de Nossa Senhora do Bom Conselho, a pedido de Gianna.
Apoiando-se em Maria em qualquer circunstância
“Amar Nossa Senhora é confiar nela em cada momento de provação, nas nossas dificuldades, Ela é sua mãe, ela não vai ignorar seus pedidos”, Gianna diria. Em seu pequeno caderno, ela escrevia orações à Nossa Senhora que eram cheias de confiança, de fé, e de amor. Nas suas palavras escritas, a certeza de que Maria estava presente era tangível. Ela sabia que não tinha nada que ela não pudesse pedir, seja para a cura de uma das suas crianças, pela volta do trabalho de seu marido, um parto seguro ou por ser abraçada no seu momento final.
O tempo de provação de Gianna chegou quando ela estava grávida de sua última filha. Ela foi diagnosticada com um tumor em seu útero, e a sua saúde foi deteriorada à medida que chegava ao final da sua gravidez. Gianna nunca parou de acreditar no poder da oração, mesmo que fosse UMA ÚNICA ave maria. Ela rezava e rezava pela intercessão de Nossa Senhora para salvar a sua vida e da sua filha. Ela nunca deixou de rezar, acreditando e implorando a ajuda de Maria.
Deixando um legado de devoção mariana
Ela não queria morrer: “Se você soubesse quanto sofrimento traz deixar para trás crianças tão pequenas”, disse a sua irmã no leito de morte. Ela estava sofrendo muito e a dor insustentável a fazia invocar o céu, Jesus, sua mãe, e Maria constantemente, “Gesu, mamma mia, Maria!” À medida que a sua hora chegava e as suas forças iam embora, ela dizia que a vida do bebê fosse escolhida em detrimento da sua.
Ela chamou por Nossa Senhora até o final. ‘Mater mea, fiducia mea!‘, era sua oração.
As orações de Gianna foram ouvidas, ela foi plenamente completada pela graça do Nosso Senhor e pôde abandonar-se completamente à vontade de Deus, assim como Maria fez. Ela foi realmente salva.
Ela morreu em seu leito conjugal, a seu pedido, no sábado das oitavas de páscoa de 1962, verdadeiramente recebida pelos anjos e santos nos braços de Maria, diretamente para o Pai. Ela cumpriu o que Cristo disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.” (Jo 15, 13-15)
Nossa Senhora estava visivelmente presente na sua vida, e as duas tinham uma íntima relação. Gianna tirou sua força de Nossa Senhora, e Nossa Senhora a acompanhou até a morte.
Gianna Emanuela viveu para contar a história de sua mãe santa. Quando ela fala sobre sua mãe, parece que Santa Gianna está presente e um link entre o céu e a terra é estabelecido.
Seguindo Maria como Gianna
A sua história é uma história de amor, amor pelo bebê em seu ventre, amor pela humanidade, amor por seu esposo, amor por seus filhos, amor por Maria e, sobretudo, amor por Cristo.
É a história de uma mulher como eu e você, que amou a vida, gostava de sair, ir ao teatro, e a companhia de outras pessoas. Ela não queria morrer. Ela não era um super humano sem sentimentos. Ela sentiu dor, a incrível tristeza de deixar para trás sua pequena família. Essa era a história da mulher que hoje vive porque amou sem reservas. Sua vida estava de acordo com a vontade de Deus, e quando o tempo veio ela estava pronta para responder em harmonia. Toda vez que eu leio sobre ela, eu vejo a humanidade e a possibilidade de vivermos a nossa vocação plenamente, alegremente, se deixarmos Deus trabalhar em nós. Maria vai nos guiar à santidade se nós a deixarmos.
Eu desejo e espero que você também um dia receba o céu como Santa Gianna, segure firme nos braços de Nossa Senhora assim como ela queria: “nell’istante della morte mia serrami tra le braccia o Madre mia”, “no instante da minha morte, segura-me em seus braços, ó minha mãe”.
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Autor: Chiara Finaldi
Casada, mãe de sete e blogueira em Londres. Cresceu na ilha mediterrânea de Sicilia, na Itália, e se mudou para Londres após seu casamento em 1999. Fundou o Apostolado das Mães Católicas em 2015.
Fonte: Ascension Press
Traduzido por seu nome Maria Augusta Viegas – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Comunicação e Formação, além de atualmente participante do Grupo de Estudo Dating em Brasília – DF