Voltando-se para Maria nos tempos difíceis

Eu nunca compreendi totalmente Maria quando estava crescendo. Como católica de berço, eu aprendi de cor a “Ave Maria” aos 6 anos de idade e sabia que ela era uma mulher especial, escolhida para ser a Mãe de Deus. Ela era abençoada e corajosa. Meu pároco me disse que Maria provavelmente era apenas uma adolescente quando foi visitada pelo Anjo Gabriel e apresentado o plano de Deus para ela. Eu me maravilhei com sua capacidade de dizer “sim” a Deus ainda tão jovem. Eu queria ser como ela, mas não via muita conexão entre nós.

Anos depois, uma tragédia afligiu minha querida amiga Clara. Sua filha nasceu morta, e parecia que nem mesmo Jesus poderia aliviar sua dor. Acompanhei Clara a uma sessão de aconselhamento em sua igreja. O encantador diretor espiritual francês ofereceu este conselho: “A Virgem Maria irá consolá-la, madame. Ela também perdeu um filho.” Ele entregou amorosamente à Clara uma imagem da Santa Mãe, mas parecia ser de pouco conforto para sua dor. Clara queria que sua bebê estivesse saudável e inteira, não uma frágil imagem da Virgem Maria, que caiu no chão e se quebrou enquanto ela chorava.

Sempre que alguém está passando por um momento difícil, tem-se a resposta genérica, quase roteirizada, que os cristãos costumam dar: “Deus sabe pelo que você está passando”. Essas palavras não me proporcionaram consolo quando fui atormentada por um vírus não diagnosticável no último inverno. Meu corpo se tornou estranho para mim enquanto eu me curvava sobre um balde por semanas a fio, incapaz de comer ou manter qualquer alimento no estômago. Eu sei que Deus não me abandonou durante esse tempo, mas era difícil sentir Seu amor quando parecia não haver fim à vista. Pedi a alguns amigos que orassem por mim, e a resposta deles foi que Deus poderia se relacionar com o que eu estava passando porque Ele realmente viveu isso. 

Eu acredito que Jesus foi sujeito a todo sofrimento e tentação humana. Jesus era feito de carne como eu e conhece quase todas as dores que eu poderia passar. Quase todas as dores. A experiência humana de Deus foi a de um homem, não de uma mulher. Agora, eu sei que Deus não está limitado pelo gênero, e meu Deus incompreensível e onisciente ainda entende a minha dor como mulher. Mas isso não é a mesma coisa que ter vivido isso. 

Deus não habitou um corpo de mulher, mas há alguém a quem podemos recorrer quando estamos sofrendo e que também sofreu. Essa pessoa é Maria. Ela é uma consoladora em quem posso confiar quando estou enfrentando um problema de saúde exclusivo do meu corpo feminino ou quando estou lutando com meu relacionamento com minha família. Ela é modelo de obediência, força, delicadeza e solidariedade. Ela também compreende o luto de uma mãe, tendo perdido o seu próprio filho. 

Após mais tempo e reflexão, consigo ver a sabedoria nas palavras do diretor espiritual para minha amiga. A tragédia de Clara realmente me ensinou a recorrer à Maria, falar com ela e pedir que ela ore por mim. Eu tentei isso quando estava doente, sabendo que Maria não só poderia me oferecer o amor de uma mãe por seu filho, mas também me ajudar a superar minha dor. O amor dela poderia me ajudar a enfrentar meus desafios de saúde. 

Maria me entende de maneiras que apenas uma mulher pode entender. Frequentemente questiono meu lugar na sociedade, na Igreja e na família de Deus. Me pergunto como posso servir a Deus como uma mulher que não é chamada à vida religiosa. Maria me assegura do meu próprio valor no Reino. 

O exemplo de Maria ao acompanhar Jesus em seu sofrimento na Cruz me inspira a apoiar meus próprios amigos e familiares com a mesma presença compassiva. Ela permaneceu ao lado de Jesus e nunca o abandonou. Só posso esperar estar presente para meus entes queridos da mesma forma. 

Pela graça de Deus, Clara deu à luz um bebê arco-íris e a chamou de Fé (Faith).

A Fé é o que eu almejo. Eu quero ter fé como Maria, seguir seu exemplo, conversar e orar mais com ela. No final, aprendi que não é tão importante para mim entender Maria. O que realmente importa é que ela me entende. 

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Autor: Jessica Santulli

Jessica Santulli escreveu artigos para diversos sites cristãos. Ela possui diploma de bacharel em redação e trabalha em uma editora de referência no norte de New Jersey. Em seu tempo livre ela gosta de fotografar a natureza, correr, nadar e liderar um estudo bíblico para jovens adultos. 

Fonte: Busted Halo

Traduzido por Caio Caetano – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de tradução e revisão, além de atualmente participante do Grupo de Estudo DATING em Brasília – DF.

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