Curando os espinhos do passado

“Deus não mostra parcialidade (At 10, 34). Ele não considera a nobreza do nascimento, o tempo de serviço ou o número de suas boas ações. O que é considerado por Deus é o fervor e o amor ardente de uma alma devota. Ele não considera como você um dia se comportou, mas o que você começou a ser agora”. (São Boaventura)

Uma das minhas passagens preferidas da Escritura é de uma carta que ele escreveu para os Coríntios, na qual ele menciona o “espinho em sua carne”. Esse espinho foi permitido por Deus para prevenir São Paulo de se tornar muito orgulhoso ou exaltado devido às várias consolações que foram dadas a ele.

A presença desse espinho serviu de lembrete para São Paulo, de sua humanidade e fraqueza. Não lhe deixa nada de que se gloriar, exceto nosso Senhor. Na realidade, é nesse momento que a beleza do dom e a graça de seu sofrimento floresce. Como um instrumento quebrado, São Paulo resplandece a majestade e as obras do nosso Senhor pela simplicidade de sua entrega e o silêncio de suas lutas para Deus. 

Como todos nós, São Paulo lutou com a imperfeição e com a dor da tentação. A experiência da tentação pode variar de uma pessoa para outra, mas existe uma dificuldade. Nós podemos, em alguns momentos, viver nas sombras de nossas experiências passadas e feridas. Alguns de nossos pecados ainda podem permanecer nos cantos de nossos corações e mentes, mesmo depois de muitas confissões e momentos de arrependimento. Existem feridas que podem ressurgir e ainda queimar.

A misericórdia e amor de Deus é incondicional. Como São Boaventura nos relembra, “Deus não considera como você se comportou, mas o que você começou a ser agora . Nós, recorrentemente, tornamo-nos tão egocêntricos com as dificuldades que enfrentamos e os “espinhos do nosso lado” que ignoramos a profunda graça que Deus nos dá. Podemos desejar a solução mais rápida para nossos problemas e dores, especialmente quando nos deparamos com muitas mensagens ao nosso redor pregando gratificação instantânea. Do fast food à comunicação instantânea, podemos cair na tentação de desejar que até mesmo nossas feridas mais profundas sejam curadas com o apertar de um botão. Infelizmente, e providencialmente, os espinhos permanecem.

Se nós continuamos enraizados em Cristo e honestamente procuramos segui-Lo com “crescente fervor e amor ardente”, podemos nos assegurar de que “nosso médico divino” vai trazer a cura que precisamos para cumprir a missão que Ele nos chamou, da forma que precisamos, para o Seu bem. Que, quando formos feridos por um ou mais espinhos, possamos reconhecer como isso é para o nosso bem e o bem dos demais. Não somos polidos e perfeitos porque nos esforçamos para viver de acordo com o plano de Deus. Nós somos imperfeitos e feridos, e isso nós compartilhamos com alguns dos melhores! Eu pergunto o motivo daqueles que dizem “ter tudo resolvido e ordenado” enquanto se esforçam para testemunhar a bondade de Deus. A verdade é que estamos tão unidos quanto é possível devido à bondade de Deus. A única coisa que a gente deveria dizer que tem resolvido totalmente é a necessidade de unir as nossas mãos em oração eterna.

Eu vivo com os espinhos do meu passado ao meu lado. Não de uma forma escrupulosa, mas eles me lembram periodicamente da bondade e misericórdia de Deus na minha vida. Eles me relembram da minha contínua caminhada de conversão. Eu costumava ter medo de encontrar aqueles que me conheciam antes de eu começar a viver a fé. Eu ficava preocupada com os seus julgamentos e verdadeiramente um pouco absorvida em como eles me veriam, ou lembrariam de mim. Ao passar do tempo, eu comecei a reconhecer a incrível forma que a graça transformadora de Deus falava por meio desses encontros e eventualmente trazia grande alegria. Escutar “há algo tão diferente sobre você” me lembrou do Alguém maior que nós, que me fez reconhecer quem eu sou! As memórias não tão gloriosas foram curadas pelo nosso Senhor, mas, às vezes, existe a graça de um espinho para me lembrar quem Deus é e quem eu não sou. Uma espetada que corrige o meu julgamento e me permite reconhecer que ser perfeito não é importante para servir a Deus. A espetada do espinho me lembra de ver os outros através das lentes da minha própria miséria e não com parcialidade.

“Deus não considera como um dia você se comportou, mas quem você começou a ser agora.” Que nós busquemos lembrar como um dia nos comportamos, para que possamos para sempre viver louvando a Deus pelo testemunho das nossas vidas e o que começamos a ser pela Sua misericórdia.

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Autor: Catherine Spada

A autora é educadora de uma escola pública e, atualmente, está apreciando muito o seu novo papel de mãe em tempo integral. Ela gosta de fazer apresentações sobre castidade e compartilhar a beleza da fé em seu blog. Catherine mora nos arredores de Toronto com seu marido e uma filha bebê.

Fonte: Chastity Project

Traduzido por seu Maria Augusta Viegas – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Comunicação, Formação, Comunicação e Produção de Conteúdo

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