Ad Jesum Per Mariam
A Jesus por Maria. Essa frase resume um dos princípios centrais do Catolicismo: que o caminho mais seguro para conhecer e amar Jesus é por meio de sua mãe Maria. Como ela cooperou na encarnação do Verbo, ajudou a começar o Ministério dEle e sofreu com Ele na cruz, Maria é especialmente capacitada para nos aproximar de Jesus.
Se isso é verdade, então faz sentido que Maria também seja o caminho para a perfeita comunhão de amor que é a Trindade. Como Peter Kreeft afirma em seu novo livro “Forty reasons I am a Catholic”:
Mães promovem a união. (…) Maria inclui todas as possibilidades de relacionamento com Deus, com todas as pessoas divinas, perfeitamente: filha para o Pai, mãe para o Filho e esposa para o Espírito.
O relacionamento perfeito de Maria com todas as três pessoas da Trindade é revelado por Lucas na Anunciação e na Visitação (veja Lc, 1).
Submissão ao Pai
Na anunciação, o plano de Deus para a Encarnação é revelado para Maria, que responde em pleno consentimento: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). A palavra grega para serva aqui, doulē, pode também se referir a escrava. Isso demonstra a submissão completa de Maria à vontade de Deus. Tão completa é sua deferência à vontade do Pai que espelha perfeitamente a abnegação de Cristo no Jardim do Getsêmani: “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a tua” (Lc 22, 42).
Como Criador, a vontade de Deus é a providência, o plano dEle para todas as coisas e todos os tempos. Para nós, como criaturas, submeter-se à vontade de Deus é consentir em ser o que nós fomos criados para ser. Em última instância, fomos criados para estar com Deus. No caso de Maria, ela se entregou tão completamente que se tornou a esposa do Espírito Santo, dando à luz Deus Filho. Tudo isso foi possível pela submissão à vontade de Deus Pai. Se nós desejamos seguir o exemplo de Maria em direção à comunhão com a Trindade, devemos imitar o exemplo dela, submetendo todo o nosso ser à vontade do Pai.
União com o Espírito
O resultado da submissão ao Pai é a união de Maria com o Espírito. Ela recebeu o Espírito tão profundamente em seu ser que Deus se fez carne nela (estou baseando esse insight no então Cardeal Joseph Ratzinger, no livro “Mary: The Church at the Source”). Como o anjo contou a ela, com Deus nada é impossível. Assim, o que uma vez teria sido impensável (uma verdadeira união entre Deus que é puro espírito e a humanidade) aconteceu.
Doutores da Igreja desde Santo Agostinho até Santo Tomás de Aquino ensinaram que o Espírito Santo é especialmente associado ao amor de Deus, assim como o Verbo é identificado como o auto-conhecimento dEle. Isso faz sentido já que o amor, como ensinou o Aquinate, é unitivo. Ele deseja estar com o amado. Na Trindade, o Espírito Santo é o amor que existe entre o Pai e o Filho. Como escreve o Aquinate na Suma Teológica, “o nome Amor em Deus pode ser tomado essencial e pessoalmente. Se tomado pessoalmente, é o nome próprio do Espírito Santo; como Verbo é o nome próprio do Filho”. Para estarmos unidos com o Espírito, nós devemos seguir o modelo de Maria e nos tornar puramente receptivos (para parafrasear o então Cardeal Ratzinger).
Missão com o Filho
Submissão. União. E então, a missão. A sua união com o Espírito leva à cooperação de Maria com Jesus e à missão redentora Dele. Isso começa no momento da concepção, como sugerido por Lucas pelas palavras do anjo: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35).
Ao dar à luz Jesus, Maria é misticamente participante de Sua missão, trazendo-O ao mundo. Isso continua na Visitação, quando ela leva Jesus ainda em seu ventre para santificar João Batista no seio de sua mãe. O relacionamento dela com Jesus como mãe que coopera com sua missão continua pelo seu ministério, de Caná até a cruz. Se devemos seguir Maria até Jesus, então devemos adotar a mesma abordagem e compartilhar a missão Dele – ainda que isso nos leve no caminho da cruz.
Conclusão
Como podemos participar mais profundamente na vida com a Trindade? Maria nos mostra o caminho: submetendo-se ao Pai, unindo-se com o Espírito Santo e espalhando a Palavra com Cristo. Cada caminho desse exige um relacionamento pessoal. Maria, como cita Kreeft, é como filha para o Pai, esposa para o Espírito e mãe para o Filho.
Submissão. União. Missão. Cada um desses constrói e envolve o outro. É apenas pela submissão total que nos tornamos totalmente receptivos a Deus. E é através do esvaziamento de nós mesmos que aprendemos a nos dar inteiramente aos outros enquanto continuamos a missão de Cristo.
Nós somos muito abençoados porque Maria é mais que um modelo para nós. A partir de sua história, aprendemos a fazer mais do que apenas ler e estudar sobre ela. Com a Virgem, assim como com a Trindade, nós encontramos uma pessoa viva. E que pessoa melhor para nos levar à Trindade do que Maria?
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Autor: Stephen Beale
Sthephen Beale é um escritor freelancer de Providence, Rhode Islande. Criado como protestante evangélico, ele é convertido ao Catolicismo. Ele é ex-editor de notícias do GoLocalProv.com e foi correspondente do New Hampshire Union Leader, onde cobriu as primárias presidenciais de 2008. Ele apareceu na Fox News, C-SPAN e no Today Show e seus textos foram publicados no Washington Times, Providence Journal, National Catholic Register e em MSNBC.com e ABCNews.com. Nascido em Topsfield, Massachusetts, ele se formou na Brown University em 2004 em clássicos e história. Suas áreas de interesse incluem cristianismo oriental, teologia mariana e eucarística, história medieval e santos. Ele recebe dicas, sugestões e qualquer outro feedback em bealenews no gmail. Siga-o no Twitter em https://twitter.com/StephenBeale1
Fonte: Catholic Exchange com adaptações
Traduzido por Juliana de Andrade – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Tradução e Didaskalia, além de atualmente participante do Grupo de Estudo Dating São Pio em Brasília – DF.