Ensinamentos de São Luís e Santa Zélia Martin sobre casamentos da pandemia

Quando meu marido e eu estávamos fazendo planos para nosso casamento há mais de uma década, lembro-me do quanto gostaríamos de ter um casamento pequeno, simples. Nós queríamos o sacramento, não a festa e as fotos. Lembro-me de ir a uma Missa depois de uma tarde particularmente estressante por busca de espaços para realizar o casamento. Depois da Missa, assistimos a uma pequena celebração de convalidação, e foi um poderoso testemunho e lembrete para nós que o sacramento verdadeiramente era o mais importante.

Tudo isso para dizer que tivemos o luxo de ter um casamento comum, rodeados de nossos familiares e amigos. Tivemos concelebrantes e muitos, muitos convidados. Nós fomos abraçados por todos, e também abraçamos todos. Ninguém usava máscara. Todos dançaram juntos, sem se preocupar com distanciamento social. E mesmo os membros mais idosos da família foram capazes de comparecer sem se preocupar com sua saúde.

Em outras palavras, não tivemos um casamento na pandemia. Estávamos em 2009. Não poderíamos nem imaginar algo assim. E, ainda com todo o romantismo de nos casar em uma celebração simples e pequena, no final, não foi o que Deus pediu de nós.

Mas talvez, queridos irmãos noivos e irmãs noivas… seja o que Ele está pedindo para vocês. Talvez, você esteja se confrontando com a realidade de um casamento na pandemia. Talvez haja máscaras, distanciamento social, não tenha festa, nem abraços, nem amigos, e apenas alguns membros da família. Não me sinto confortável dando esse conselho, porque eu mesma não tive de viver esse sacrifício.

Porém, sei que grande consolo encontro na vida dos santos. Sei que realmente há um santo para cada ocasião, e qualquer coisa que você esteja enfrentando é parecido com algo que algum santo já pôde viver. Tenho certeza que existem santos desconhecidos que se casaram em pandemias anteriores. Pode ser que essa história faça parte da sua própria biografia no futuro. Nunca sabemos quais os planos de Deus! Mas, de qualquer forma, se você está triste pela impossibilidade de ter o casamento dos seus sonhos, posso te indicar alguns santos para você conhecer.

São Luís e Santa Zélia – santos patronos dos casamentos pequenos

São Luís e Santa Zélia, pais de Santa Teresa de Lisieux (e o primeiro casal casado a ser canonizado juntos) não eram estranhos ao fato de se casarem em meio a condições pouco usuais. Vivendo na França do século XIX, o clima político não era favorável ao Catolicismo. Antes de se casarem na Igreja, eles foram obrigados pela lei a se casarem no civil. Mas eles não consideraram aquele como sendo o verdadeiro casamento. O verdadeiro casamento aconteceu na pequenez e no silêncio. O livro História da Família Martin – o Lar onde Floresceu Teresa de Lisieux, do Fr. Stephane-Joseph Piat, O.F.M., descreve o matrimônio dos Martin numa bela simplicidade: “A cerimônia ocorreu à meia-noite, na maior quietude possível, a fim de gozar apenas do sagrado, do aspecto Cristão da celebração; também talvez porque as maiores obras de Deus são realizadas no silêncio da noite…”.

Escondidos dos olhares do mundo – sem uma festa cheia de pessoas amadas -, os Martin trocaram seus votos matrimoniais na presença de um padre. Eles deram seu “sim” a Deus sem pompas ou luxos. E a partir daquela quieta e simples celebração, Deus construiu um casamento que os levou à santidade (bem como seus filhos). O autor não nos diz se Luís e Zélia gostariam de ter tido algo a mais em seu dia especial. Eles não me parecem possuidores da personalidade de quem teria desejado uma festa grande, mas certamente, eles teriam amado estar circundados por aqueles que mais amam, celebrando sua união. Quem não gostaria de estar cercado pelo amor quando você diz “sim” à vocação que Deus lhe confiou? E ainda – aquele silencioso casamento foi elevado a um exemplo ao qual devemos seguir. O testemunho deles mostra a santidade em escolher antes o sacramento que a festa.

E para ser claro – casamentos grandes e lindos são um profundo testemunho para o mundo. Se realizado a partir da alegria na vocação do matrimônio e do deleite no sacramento, eles podem ser um sinal para o mundo do amor de Cristo (é claro, eles também podem ser ocasião para o materialismo e uma distração do evento principal, mas estou pressupondo que ninguém lendo esse artigo se enquadra nessas duas categorias). Se você está sofrendo pela perda de um grande e lindo casamento, isso não é sinal de falha. É bom e saudável desejar estar rodeado pelas pessoas que você ama e tê-las compartilhando a sua alegria.

Mas, se você deseja ultrapassar essa tristeza e realizar o seu casamento, aí vai um encorajamento para você.

Casamentos da Pandemia enquanto Testemunho

Vocês, meus irmãos e minhas irmãs noivas, são um sinal de esperança para o mundo. Se você está se casando agora, no meio da pandemia – com máscaras, distanciamento social, um pequeno grupo dos seus familiares mais próximos, e pouca ou quase nenhuma recepção – você está dando ao mundo um profundo testemunho sobre o significado do casamento.

Aqueles que foram ao meu casamento há onze anos certamente notaram a alegria que meu marido e eu sentimos na Missa nupcial. Mas a maioria deles falou depois sobre o quanto eles gostaram da recepção. No final, nosso casamento não foi nem mais nem menos marcante do que qualquer outro casamento.

Isso não se aplica ao seu casamento. Não há dúvidas na cabeça de ninguém sobre o que mais importa para você. Se você está se casando agora, apesar dos sacrifícios envolvidos, está proclamando para todos os que você ama que sua vocação e esse sacramento importam mais para você do que a festa. Importam mais do que o casamento com o qual você sonhava.

Vocês, queridos irmãos e irmãs, lembram a mim e a todos os casais casados (e de namorados também) a respeito do que o casamento realmente se trata. É sobre dar a Deus nosso “sim” a uma vocação – uma vocação na qual nós, também, aprendemos diariamente a dar as nossas vidas pelos outros.

Sei que seu casamento pode não ser o que você sonhou, mas… obrigado. Obrigado, pelo seu testemunho. Obrigado por dizer “sim” ao chamado de Deus, assim como Luís e Zélia fizeram, há anos. Rezo a Deus para que seu matrimônio seja tão fecundo quanto o deles.

_____________

Autor: Michele Chronister

É esposa e mãe de quatro meninas, uma delas já no Céu. Tem bacharelado e mestrado em Teologia pela Universidade de Notre Dame, e é autora de diversos livros. Na Arquidiocese de São Luís, ela é uma das diretoras de mídias sociais do Departamento de Planejamento Familiar Natural. Quando sua filha mais velha era pequena, ela percebeu que sua vida familiar seguia como que um ritmo monástico: comer, rezar, brincar, dormir. A partir disso, ela criou o blog My Domestic Monastery (www.mydomesticmonastery.com), onde ela partilha inspirações para famílias que querem crescer em santidade.

Fonte: Catholic Exchange

Traduzido por Tiago Veronesi Giacone – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo nos Núcleos de Tradução, Formação e Comunicação, além de atualmente participante do Grupo de Estudo YOUFAMILY em Brasília – DF.

Este site utiliza cookies para lhe oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar neste site, você concorda com o uso de cookies.