Como a Teologia do Corpo me fez um cineasta melhor

Filmes ainda são considerados uma das mais novas formas artísticas de contar histórias. Com a invenção da câmera de cinema no fim do século XIX e a evolução do processo editorial, os filmes têm entretido audiências por todo o mundo há muitos anos. 

Como uma das formas de arte mais trabalhosas, a produção de filmes exige um esforço colaborativo enorme de diferentes artistas talentosos que contribuem para o mesmo objetivo de criar uma história interessante para as pessoas assistirem.

O processo, algumas vezes, pode ser estressante, mas depois de ter mergulhado de cabeça na Teologia do Corpo (TdC) de São João Paulo II e trabalhando na indústria cinematográfica há quase uma década, tenho achado meu trabalho mais gratificante porque ele se relaciona com a experiência humana. Com os altos e baixos da minha própria vida, pode ser fácil conectar-se com uma história atraente por meio de belas imagens, uma trilha sonora complementar e um design de som realista. As maiores questões da vida sempre parecem se revelar ao passo que a história vai se desdobrando, mas durante o processo criativo, você precisa cavar ainda mais fundo para encontrar aquela história que desperta o coração sonolento. Desde minha infância, eu sempre senti que essa era a carreira que eu deveria seguir e a TdC de São João Paulo II constantemente reafirma esse chamado.

A arte tem a habilidade de envolver o corpo através dos sentidos com variadas perspectivas. A arte cinematográfica tem um jeito único de levar a mente de alguém para além da realidade durante o filme. Normalmente, se alguém responde a um filme, é porque envolveu sua mente e seu coração com alguns personagens de uma história. Como em qualquer história, personagens geralmente são confrontados com um conflito que precisa ser resolvido, e é nosso trabalho como cineastas guiar o espectador por essa jornada.

Na sala de edição, que é de onde grande parte do meu trabalho vem, o editor deve analisar a alma interior do personagem através de sua linguagem corporal em cada cena, mantendo o arco geral do personagem consistente em todo o filme. Observando essas qualidades de um personagem, que é um ser humano inteiro e complexo, o editor pode determinar o clímax emocional em qualquer cena determinada. Pela minha experiência no departamento editorial, esse exame cuidadoso é simplesmente encontrar o corpo e a alma interior com um olhar criativo e eu sinto que a Teologia do Corpo aprimorou meu ofício como editor.

Meu primeiro vislumbre desse “novo jeito de enxergar” foi durante meu primeiro documentário de longa metragem “Dog Man”. Quando o processo de entrevista começou, foi difícil sentir toda a emoção durante a entrevista, pois tudo estava acontecendo em tempo real. Uma vez na sala de edição, pude reproduzir e repetir o que ele ou ela disse, ouvindo ou vendo-os rir ou chorar novamente. Aquilo me acertou em cheio… esses são seres humanos que tem uma dignidade intrínseca, e era minha responsabilidade mostrar a verdade em relação às coisas que se passam em seus corações (uma vez que eles me permitiram compartilhar sua história, em primeiro lugar). Não é que eu não os respeitei durante a entrevista, mas eu estava cego e não vi verdadeiramente essa dimensão da dignidade deles como seres humanos. Eu tive uma conexão mais profunda com eles em certo sentido… sem perceber que estava me encontrando com Deus.

Quase como um entrevistado em um documentário, o ator deposita confiança na visão do diretor enquanto eles trabalham juntos para dar vida a um personagem. É justo dizer que a maior parte de Hollywood não sabe nada sobre JPII e seus ensinamentos, mas você não pode negar que eles estão em contato com seus desejos internos como seres humanos caídos e corrompidos. É exatamente por isso que Christopher West usa filmes para trazer à tona temas da Teologia do Corpo. Você não pode separar o corpo da alma, e durante o processo real de filmagem, isso é mais evidente do que nunca. Eu diria que é isso que faz ou estraga um filme. Assim como um filme pornô separa a alma do corpo, permitindo a indulgência de nossos desejos sem limites, também o “chamado” filme cristão (com boas intenções) separa o corpo da alma, forçando a mensagem cristã em sua arte e contando apenas com a dimensão espiritual da pessoa humana. O fato é que Deus já está presente em nossa arte. Deus está presente em Sua criação, pois Ele já fala através de nós, através de nossos corpos e através de nossas almas.

Recentemente, eu decidi responder ao chamado de Deus para produzir um curta metragem muito importante para mim. A história é sobre um homem que descobre uma mulher linda expressando interesse em se encontrar em um aplicativo de namoro. Mas depois de se conhecerem, nenhum dos dois verá o outro da mesma forma de novo. Um dos maiores presentes que você pode dar a uma pessoa é uma história boa e honesta. Histórias podem suscitar questões nos corações das pessoas… questões que despertam o desejo pelo amor verdadeiro. Em um mundo com tanta tensão sexual e confusão, é difícil entender como o processo de cura pode começar. Uma simples e curta história pode fazer as pessoas ponderarem as maiores questões da vida sem julgar o coração de outro alguém.  


Autor: Matt LaFont

Depois de se formar no Savannah College of Art and Design em 2010, Matt LaFont trabalhou na River Road Creative (rrc.la) por 8 anos como editor do designer de títulos / cineasta Richie Adams. Durante seu tempo na RRC, LaFont viajou de Los Angeles a Nova York em projetos comerciais, e até mesmo na França no Festival de Cannes, onde atuou como editor local para entrevistas com cineastas / talentos para o cliente, a revista Variety.

Fonte: TheCor Project

Traduzido por Guilherme Guimarães de Miranda – Membro da Rede de Missão Campus Fidei.

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