Vivemos uma época do ano maravilhosa (…). O tempo está ficando cada vez mais agradável, e os dias, mais longos. A Quaresma deu lugar à Páscoa, e a Oitava da Páscoa abre caminho no domingo seguinte para o “Domingo da Divina Misericórdia”. Esse é outro motivo para amar essa época do ano. Mas, o que há de tão importante no Domingo da Divina Misericórdia?
A promessa
O Domingo da Divina Misericórdia talvez seja um dos dias mais importantes do ano por causa da imensurável quantidade de graças que Jesus prometeu derramar. Em uma revelação privada aceita publicamente pela Igreja, Jesus faz uma promessa específica à Santa Faustina sobre o Domingo da Divina Misericórdia:
“Naquele dia… A alma que buscar a Confissão e receber a Sagrada Comunhão obterá o completo perdão dos pecados e das penas” (Diário, 699).
Condições
Cristo quer que nos atentemos à imensa importância desses dois sacramentos: a Confissão e a Sagrada Comunhão. Tanto é que Ele promete nos oferecer as graças de um completo perdão, como se fosse um segundo batismo!
Jesus reiterou essas condições e prometeu um completo perdão pelo menos outras duas vezes à Santa Faustina (Diário, 300 e 1109). Os “oceanos de graças” disponíveis para nós no Domingo da Divina Misericórdia pode nos renovar e nos dar uma oportunidade de um novo recomeço. Apenas temos que fazer uma boa Confissão (assim como no sábado anterior) e permanecer em estado de graça até recebermos a Sagrada Comunhão no Domingo da Divina Misericórdia ou na Missa de vigília. Jesus também pediu que fizéssemos obras de misericórdia, tanto em atos, palavras ou orações.
Oposição
Mas essa devoção nem sempre foi assim. Inicialmente, o Vaticano recebeu traduções do Diário de Santa Faustina errôneas e confusas e, em 1959, censurou a devoção e baniu seus escritos. A proibição duraria pelo menos 20 anos, de modo que parecia cumprir um escrito profético no Diário, o qual afirmava que seu trabalho “seria como se estivesse totalmente desfeito”.
Em 1965, Karol Wojtyla, na época Arcebispo de Cracóvia, escolheu um dos principais teólogos da Polônia, Fr. Ignacy Rozycki, para preparar uma análise crítica do Diário. Então, em 15 de abril de 1978, depois de receber a análise de Fr. Rozycki e uma melhor tradução do Diário, a Congregação para a Doutrina da Fé encerrou o banimento.
O Nihil Obstat da Congregação afirmou: “não mais existe, da parte da Congregação, qualquer impedimento à difusão da devoção à Divina Misericórdia nas autênticas formas propostas pela Irmã Religiosa [Faustina]”. Anos depois, em 30 de abril de 2000, Karol Wojtyla, então Papa João Paulo II, canonizou a Irmã Faustina Kowalska e estabeleceu o primeiro Domingo após a Páscoa como sendo o Domingo da Divina Misericórdia.
Cristo Teândrico
Alguns dizem que uma graça tão estrondosamente generosa e misericordiosa como a remissão de todos os pecados e penas seja impossível. Contudo, todas as dúvidas foram superadas e a Igreja Católica universalmente abraçou a mensagem da Divina Misericórdia.
Como ressalta São Tomás de Aquino: “A paixão de Cristo não foi apenas suficiente, mas foi uma superabundante expiação pelos pecados do gênero humano” (III.48.2). Uma vez que Cristo é o Filho de Deus que assumiu a natureza humana, todas as suas ações eram “teândricas”; ou seja, eram ações divinas manifestadas em um corpo humano. Consequentemente, todas as Suas ações humanas possuíam valor e mérito infinitos, e mais do que suficientes para satisfazer a justiça divina por toda a humanidade.
É por isso que o Papa São João Paulo II, que pensou sobre Santa Faustina por um longo tempo quando escreveu a Carta Encíclica Dives in Misericordia, poderia dizer: “Dá-se, na verdade, uma ‘superabundância’ da justiça, porque os pecados do homem são ‘compensados’ pelo sacrifício do Homem-Deus” (DM, 7). A superabundância da graça de Cristo coloca à nossa disposição um oceano de misericórdia divina maior do que qualquer pecado.
Sangue e Água
É por isso que Cristo pode prometer a nós, no Domingo da Divina Misericórdia, um completo perdão de nossos pecados e penas. Assim como Eva foi gerada a partir do lado de Adão enquanto ele caía num “profundo sono”, a Esposa de Cristo, a Igreja, foi gerada do sangue e da água que fluíram do lado de Cristo em sua Crucifixão.
Na imagem da Divina Misericórdia, luzes vermelhas e brancas emanam do coração de Jesus, simbolizando o sangue e a água dos sacramentos da Sagrada Comunhão e do Batismo. Uma das principais orações que Jesus ensinou a Santa Faustina é: “Ó Sangue e Água, que jorrastes do coração de Jesus como fonte de misericórdia para nós, eu confio em Vós”. Jesus está pedindo que confiemos nos sacramentos da Igreja. O poder do Espírito Santo pode fazer de nós novas criaturas em Cristo, especialmente se participamos regularmente da Confissão e da Sagrada Comunhão. Por que não aproveitarmos a grande promessa de Cristo no Domingo da Divina Misericórdia?
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Autor: Brian Kranick
Brian Kranick é um escritor freelancer que escreve sobre diversas coisas católicas. Além de outros estudos, ele possui mestrado em Systematic Theology no Christendom College. Trabalhou durante anos em Intelligence Community e, atualmente, vive com sua esposa e seus três filhos em Pacific Northwest. Ele é o autor do blog www.sacramentallife.com.
Fonte: Catholic Exchange
Traduzido por Tiago Veronesi Giacone – membro da Rede de Missão Campus Fidei.