Recentemente me perguntaram quais eram as minhas citações favoritas da Teologia do Corpo do Papa João Paulo II. Existem tantas pérolas que é difícil de escolher apenas algumas, mas se eu fosse forçado a escolher, estas estariam no meu top 3:
1. “O corpo, de fato, e só ele, é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual e o divino. Foi criado para transferir para a realidade visível do mundo o mistério oculto desde a eternidade em Deus, e assim ser sinal d’Ele.” (TdC 19:4)
Esse é o argumento principal de João Paulo II, o pincel com o qual ele pinta todas as suas catequeses sobre o corpo. Nós não podemos ver as realidades espiritual e divina. Por definição, elas são invisíveis. Mas o corpo as torna visíveis. Se nós vemos o corpo corretamente, o que nós vemos é a história divina e espiritual sendo contada. O que é essa história? Em uma palavra – comunhão. O corpo do homem não tem sentido em si mesmo. Nem o corpo da mulher. Mas vistos à luz um do outro, nós descobrimos o glorioso chamado a uma comunhão que gera vida. E esse é um sinal da vida interior de Deus. O que nos leva a minha segunda citação favorita.
2. “Podemos então deduzir que o homem se tornou “imagem e semelhança” de Deus não só mediante a própria humanidade, mas ainda mediante a comunhão de pessoas, que o homem e a mulher formam desde o princípio. A função da imagem está em espelhar aquele que é o modelo, reproduzir o seu protótipo. O homem torna-se imagem de Deus não tanto no momento da solidão quanto no momento da comunhão.” Isto “constitui mesmo talvez o aspecto teológico mais profundo de tudo o que se pode dizer acerca do homem. […]Sobre tudo isto, desde o princípio, desceu a bênção da fecundidade, unida à procriação humana.” (TdC 9:3)
Aqui João Paulo II apresenta um importante e dramático desenvolvimento no pensamento católico. Tradicionalmente, os teólogos disseram que nós somos imagem de Deus como indivíduos, por meio da nossa alma. Isso é certamente verdade. Mas São João Paulo II leva isso um passo adiante. Ainda que ele nunca tenha alinhado marido, esposa e os filhos com Pessoas específicas da Trindade, ele afirma que a comunhão de vida do homem e da mulher em “uma só carne” é destinada a ser imagem da vida interior de Deus. Surpreendente. Muitas vezes a nossa noção de sexo foi jogada na sarjeta. João Paulo II, ao expor nossa sexualidade à luz purificante do plano original de Deus, eleva nossa sexualidade a alturas inimagináveis. E isso nos leva a minha terceira citação favorita…
3. “O ethos cristão é caracterizado por uma transformação da consciência e das atitudes da pessoa humana, quer do homem quer da mulher, tal que manifeste e realize o valor do corpo e do sexo, segundo o desígnio original do Criador.” (TdC 45:3)
A palavra “ethos” se refere a orientação interior dos nossos corações – o que nos atrai, o que nos repele. Todos nós, por causa do pecado original, precisamos de reorientação sexual para podermos recuperar o plano original de Deus para os nossos desejos sexuais. No princípio, antes do pecado, o desejo sexual era experimentando como nada além do desejo de viver e amar divinamente, à imagem de Deus. Nem precisa falar que esse não é o jeito que nós experimentamos o desejo sexual após a queda. Como essa citação deixa abundantemente claro, viver uma vida Cristã não é uma questão de reprimir nossos desejos, mas de redimi-los. E existe um poder real fluindo da morte e ressurreição de Cristo para redimir nossa sexualidade! Se nós continuamente permitirmos nossos desejos egoístas e concupiscentes serem crucificados, Ele vai continuamente levantar em nós um eros redimido que nos capacita a viver e amar à imagem de Deus. Senhor, nos ensine o caminho dessa transformação interior!
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Autor: Christopher West
Fonte: TOB Institute
Traduzido por Angela de Oliveira – Membro da Rede de Missão Campus Fidei.