A Ascensão de Jesus e a Teologia do Corpo

Você consegue imaginar a completa glória que deve ter sido assistir Jesus sendo levantado e levado para a eternidade? Depois de quarenta dias andando na terra testemunhando, por suas feridas, a vitória sobre a morte, Jesus eleva nossos olhos para algo ainda maior e mais glorioso: o céu.

Passei a vida toda me perguntando como o céu deve ser. Você já se pegou imaginando isso? Como essa coisa de eternidade funciona? Pela minha vida, ainda não consigo entender isso e, no entanto, o céu é o objetivo da vida cristã; mais especificamente, ser um só com nosso Criador, aquele que satisfaz os anseios de todos os corações. Mas o que mais me chama atenção é o fato de que, embora seja verdade que esse é o destino de nossas almas, é tanto quanto – talvez até mais – o destino de nossos próprios corpos!

TdC como algo essencial para a compreensão cristã

Teologia do Corpo tem um papel integral na minha fé e no meu relacionamento com Jesus. Durante a maior parte dos meus 25 anos de vida, olhei para a minha alma como o componente mais importante quando se fala em fé, se não o único. Afinal, a alma é ligada ao coração e o coração é o que o Senhor busca, certo? Foi recentemente que eu aprendi a beleza dos ensinamentos de São João Paulo II sobre nosso corpo, sua integração e necessária conexão com nossas almas, e entendi porque é impossível separar essa unidade integral, e porque seria tolice querer isso.

São João Paulo II disse: “O corpo, e somente ele, tem a habilidade de tornar visível o invisível – o espiritual e o divino”. Se isso for verdade, então nossos corpos revelam algo do que está em nossas almas. Nossos corpos expressam a essência do nosso íntimo. Sabendo que isso é verdade para todos os corpos humanos, o corpo encarnado de Nosso Senhor e o corpo de nossa mãe Maria devem ter sido os mais bonitos dentre todos os corpos dessa terra. Os corpos deles revelaram sua santidade; sua totalidade. Nossos corpos fazem o mesmo. Quando nutrimos nossas almas, isso é visto por fora e expresso pelos nossos corpos, e quando participamos através de nossos corpos na vida de Cristo, nossas almas são nutridas. O corpo é um vaso para o trabalho de Deus em nós e através de nós.

A Unidade do Corpo e da Alma

Nossos corpos são bons. Deus os criou à sua semelhança e chamou tudo o que fez de “muito bom” em Gn 1, 31. Mas depois do pecado original de Adão e Eva, contemplamos uma quebra no entendimento original do corpo humano e sua conexão com a alma. Nós perdemos a unidade original que Deus criou dentro de nós e agora vivemos com suas consequências. Nosso mundo e até mesmo aqueles na Igreja abusam de seus corpos e dos corpos de outras pessoas porque estão perdendo essa verdade fundamental: que nossos corpos importam e o que fazemos com eles também importa. Essa verdade faz de nós livres para nos amar uns aos outros plenamente como Cristo pretendia e exige que os usemos intencionalmente.

Isso não é um conceito novo, mas é algo que tem sido grandemente desafiado ao longo dos anos. No segundo século, a heresia do docetismo se tornou comum no meio de muitas pessoas influentes. Pregava-se que Jesus não tinha realmente assumido um corpo humano, mas estava apenas na mera aparência de um, o que na verdade se originou de algo ainda mais profundo: as especulações sobre a imperfeição ou a impureza essencial do corpo. O que é ainda mais assustador acerca dessas noções é que, se isso fosse verdade para o corpo de Jesus, então o que diz sobre o valor dos nossos corpos? Essencialmente diz que são inúteis.

Ainda bem que não é verdade. Deus nos revelou isso em sua encarnação. Mesmo que nossos corpos e almas sejam imperfeitos por conta do pecado, Deus assumiu nossa carne não apenas para salvar nossas almas, mas para salvar nossos corpos também. Ele o faz em e através do seu próprio corpo humano, porque: “Ele tinha a condição divina, e não considerou o ser igual a Deus como algo que se apegar ciosamente. Mas esvaziou-se a si mesmo, e assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana.” Fl 2, 6-7.

O que é incrível acerca da nossa fé é que, desde que Jesus verdadeiramente se tornou um de nós na semelhança humana, as ações dEle por meio de sua vida, morte e ressurreição em um corpo humano têm implicações significativas para nós que cremos nEle e o seguimos; e é melhor você acreditar que a Ascensão dEle também!

Esse mundo não é nossa casa

Quando Jesus subiu aos céus depois de sua ressurreição, Ele não apenas reafirmou sua vitória sobre a morte e a corrupção corpórea, mas nos relembra que nossos corpos são destinados para algo além do que podemos ver. Eles são chamados para algo ainda maior do que aquilo que esse mundo fornece. Ao ascender ao paraíso, Jesus nos dá a esperança do que está por vir. Em uma das minhas passagens favoritas do Evangelho, Jesus diz:

“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar, e quando eu me for e vos tiver preparado um lugar, virei novamente e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também.” (Jo 14, 2-3)

O corpo de Jesus está com Ele no céu e é da vontade dEle voltar e nos levar para lá. Ele quer que estejam consigo não somente nossas almas, mas também nossos corpos. Estamos preparados? Seguimo-lO agora não somente com nossos corações, mas também com nossos corpos? Deus está nos chamando para participar plenamente do céu unido por nosso corpo. Todos os nossos sentidos totalmente envolvidos e todos os nossos anseios totalmente imersos na presença de Deus. E então a Ascensão nos relembra: essa terra não é nossa casa. Se o céu é o destino final, não podemos nos esquecer de viver e morrer como Jesus, enquanto esperamos a ressurreição de nossos corpos … e a vida do mundo vindouro.

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Autor: Taylor Tripodi 

É uma católica de berço de vinte e poucos anos e vive em Cleveland, Ohio, aspirando à santidade. Formou-se na Universidade Franciscana, com especialização em teologia e catequese e agora é musicista em tempo integral, viajando por toda parte e espalhando o amor infalível de Deus através da palavra e da música. Em seu tempo livre, gosta de fazer velas perfumadas, buscar aventuras e estar presente para sua grande e louca família italiana.

Fonte: Ascension Press

Traduzido por Guilherme Guimarães de Miranda – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Comunicação, além de atualmente participante do Grupo de Estudo DATING em Brasília – DF.

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