Jornada Mundial da Juventude: um novo caminho para Damasco

Saulo de Tarso, cheio de zelo pela Lei de Moisés, e trazendo cartas das mais altas autoridades na capital judia para as Sinagogas de Damasco, buscava prender e levar de volta a Jerusalém todos que pudesse encontrar – homens e mulheres que eram seguidores do “caminho de Jesus”. Mas, o Senhor interviu. Enquanto Saulo se aproximava de Damasco, uma luz cegante lhe causou uma queda e ele escutou uma voz: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. O jovem homem o respondeu: “Quem és, Senhor?” E a voz lhe disse: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At 9, 1-5).

Tudo aconteceu tão rápido no caminho para Damasco. Desde então, aquele nome – Damasco – se tornou um sinônimo de conversão, uma abertura para a graça de Deus. Desde aquele momento, Saulo (o perseguidor) – ajudado por um devoto cristão em Damasco, Ananias – tornou-se o Apóstolo Paulo. Livremente respondendo “Sim” ao Senhor, ele se tornou um discípulo cheio de fé e um evangelizador de Jesus com generosidade e alegria até a sua morte.

Por um lado, podiam dizer que, para muitos jovens, cada Jornada Mundial da Juventude é uma oportunidade para reviver o episódio de Damasco. O Senhor Jesus, pelas palavras do seu Vigário na Terra, vai falar àqueles que estão prontos para ouvir, e provocar neles uma nova conversão, possivelmente uma profunda mudança em suas vidas. 

Pelas Palavras do Papa, ouvidas com fé, podem vir milhares de decisões para seguir a Jesus sem alterar o Estado de Vida da pessoa (seja ele matrimônio ou celibato apostólico), ou mesmo vocações ao sacerdócio e à vida religiosa. 

O Senhor chama muitos – todos, na verdade – à totalidade da vida Cristã em diversos caminhos. Mas, é necessário, como no caso de São Paulo, ter um coração aberto a Deus e aos demais que estão necessitados de ajuda da catequese e de outras pessoas (como Ananias) que podem garantir que as palavras do Papa se firmem na alma.

Todos os Santos (canonizados ou não) tiveram a sua Damasco, seu momento de real conversão a Deus. Talvez não tenha sido dramático como o de São Paulo, mas foi tão eficiente quanto. Talvez tenha sido simplesmente realocar a indiferença com o dom de si, mudando de uma vida de receber por uma vida de dar-se. Mas, não importa como aconteceu, foi acompanhado por verdadeira felicidade, tão diferente do que as satisfações materiais podem dar.

Eu tive muita sorte em viver vários anos perto de um santo que dizia com convicção: “Madri foi a minha Damasco. Foi onde as escamas caíram dos meus olhos e eu vi a minha missão”. Eu me refiro a São Josemaria Escrivá, fundador da Opus Dei.

Mesmo tendo nascido e crescido em uma parte diferente da Espanha (Aragón), foi em Madri que Deus fez conhecido para ele a sua missão de mostrar a todos os Cristãos que a vida ordinária – horas de trabalho bem feito, rodeado de família e amigos, pelo bem comum da sociedade – pode e deve ser um verdadeiro caminho de santidade.

Sentindo que Deus queria alguma coisa dele, mas sem saber o que era, o jovem Josemaria Escrivá rezou por anos “Domine, ut videam” (“Senhor, que eu veja”), as palavras do homem cego em Jericó, no Evangelho. Sua alma recebeu o sinal em 2 de Outubro de 1928, precisamente na cidade de Madri.

Foi pelo seu serviço generoso com os doentes nos hospitais públicos de Madri e com aqueles vivendo na mais pobre vizinhança, que a sua vocação começou a amadurecer. Logo ele foi acompanhado por um grupo de jovens que “capturou” o seu entusiasmo humano e sobrenatural, e ele começou a ensiná-los a se santificar pelo seu estudo, trabalho, e todos os aspectos da sua vida cotidiana. 

Muitas pessoas experimentaram a sua Damasco em Madri, uma cidade de santos e mártires, e leigos que buscam imitar a Jesus em sua vida ordinária. Por alguns dias, essa era a cidade que vai se tornar a capital mundial da juventude.

Acima de tudo, vai se tornar a cidade papal. Bento XVI nos guia e nos leva pelos modelos de santidade – Jesus Cristo. Vamos recebê-lo de braços abertos, rezando pelos frutos da sua visita pastoral e perguntando especialmente que vários jovens vão sentir que ele está falando diretamente a eles e que eles experienciem a sua Damasco durante esses dias: um encontro pessoal com Jesus que mude as suas vidas para melhor.

No começo do seu Pontificado, o Papa disse: “Quem deixar que Cristo entre na sua vida, não perde nada, nada mesmo, absolutamente nada daquilo que deixa a sua vida livre, bela, e boa. Nada mesmo! Só com essa amizade os portões da vida vão se abrir para o grande potencial da condição humana. Somente com essa amizade nós poderemos experimentar o que é a beleza e o que nos faz livres.”

Nós devemos estar totalmente convencidos que Cristo não nos tira nada que faz a nossa vida bela e boa. Na realidade, Ele leva isso à perfeição para a glória de Deus, a felicidade do homem, e a salvação do mundo.

Recorra à intercessão de São Josemaria, que é extremamente ligado à cidade, e São João Paulo II, que inspirou as Jornadas Mundiais da Juventude. Que o Senhor derrame, pela intercessão de Nossa Senhora de Almudena (Padroeira de Madri), chuva de graças durante esses dias.

Que a Jornada Mundial da Juventude de Madri (e todas as outras) seja a Damasco para vários jovens que estão prontos para abrir suas vidas a Cristo e aos outros, para servir como vibrantes testemunhas do Evangelho – sempre velho e sempre novo. O mundo tão urgentemente necessita desse testemunho.

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Autor: Monsenhor Javier Echevarría

Fonte: Opus Dei

Traduzido por Maria Augusta Viegas – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Comunicação e de Formação.

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