“Católica” é um termo emprestado do Grego Antigo e significa universal. Essa universalidade é um dos quatro marcos da verdadeira Igreja, como é expresso no credo. Mas como a Igreja Católica é universal?
Alguém imediatamente pode pensar na autoridade do papa e nos concílios ecumênicos, que são globais, sejam reconhecidos ou não. Os diversos ritos da Igreja, incluindo a extensão na qual os ritos Orientais foram incluídos, também vêm a cabeça. Temos ainda o escopo global absoluto do Catolicismo.
Mas o Catolicismo, ainda que sempre tenha sido a Igreja universal, nem sempre foi global de fato. Ainda assim, era a Igreja Católica quando ela estava confinada a Europa Ocidental durante a maior parte da Idade Média. Da mesma forma, o número de ritos cresceu e diminuiu durante o tempo, mas a catolicidade da Igreja permaneceu constante. E sim, o papa tem a autoridade universal, mas isso requer uma pergunta: por que a autoridade dele é absoluta nesse sentido?
Aqui estão sete porquês que a Igreja Católica é verdadeiramente católica.
1. Participação na plenitude de Deus
Através da Eucaristia, que é a substância do Deus feito homem, a Igreja se torna a manifestação visível da presença contínua de Deus na terra. São Paulo prometeu isso em Efésios 1,23, descrevendo a Igreja como o corpo de Cristo – “que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos”.
Em outro texto, o termo plenitude se refere a própria divindade de Cristo. Por exemplo, em Colossenses 2,9, Paulo diz: “Pois nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”. Através de Cristo, a plenitude de Deus agora tem enchido a Igreja. Na Igreja, nós encontramos Deus que é o criador de todas as coisas, onipotente, onisciente, eterno e infinito. Por virtude da sua participação no ser universal de Deus, a Igreja é universal.
2. Participação na plenitude da humanidade de Cristo
Ao ir até o final na cruz, descer ao inferno e ressuscitar, Cristo abrangeu toda a experiência humana, tanto suas alegrias quanto tristezas, sua escuridão mais profunda e a luz mais clara. Cristo não era apenas humano, mas também um exemplo do que significa ser humano. O livro do Gênesis declara que nós somos imagem de Deus. Mas é Cristo que é a imagem da qual todas as outras imagens foram copiadas. Como Paulo diz em Colossenses 1,15: “Ele é a imagem de Deus invisível, o Primogênito de toda a Criação”.
Ao nos revelar o nosso chamado original e o destino final, nossa natureza como imagens de Deus, Cristo também nos revela a nós mesmos, para parafrasear a Gaudium et Spes. A plenitude dessa revelação é contida na Igreja Católica, onde a Presença Real de Cristo vive na Eucaristia.
A plenitude da humanidade está muito bem expressa na Igreja visível. Nossa Igreja é a das catacumbas e catedrais. É a Igreja das freiras e dos monges que fazem votos de pobreza e papas que moram em palácios e usam sapatos vermelhos. Cavaleiros da fé e almas de vítimas, místicos e reis, santos e pecadores, são todos diferentes e estão em casa na igreja.
Novamente: a Igreja nos engaja em todos os níveis, tanto do corpo quanto da alma, ambos nossos sentidos de olfato e paladar como também nosso intelecto e vontade. A Igreja lidera os fiéis para rezar de todas as formas possíveis – desde uma curta exclamação de uma linha até novenas de nove dias. Ela nos oferece ícones, pequenas imagens, terços e a própria Escritura, todas como auxílios para a devoção. Ela chama alguns para curar os doentes e confortar os pobres e outros para rezar pela conversão das pessoas que elas nem conhecem. Ela fala eloquentemente e urgentemente tanto para os iletrados como para as mentes mais cheias de conhecimento.
3. O sacramento universal da salvação
A Igreja é o meio pelo qual Deus oferece a salvação para toda a humanidade. Como Lumen Gentium afirma:
Na verdade, Cristo, elevado sobre a terra, atraiu todos a Si (cfr. Jo. 12,32 gr.); ressuscitado de entre os mortos (cfr. Rom. 6,9), infundiu nos discípulos o Seu Espírito vivificador e por Ele constituiu a Igreja, Seu corpo, como universal sacramento da salvação.
Existe um batismo, uma Eucaristia, uma cruz, um Cristo e uma Igreja.
4. Universal na história
Porque é possível traçar a origem da Igreja até São Pedro, a Igreja Católica é também universal em termos de período histórico. De fato, nós poderíamos dizer que dá para voltar muito além disso. Na medida que a Igreja é o novo povo de Israel, nós podemos dizer que o Antigo Testamento é como se fosse a pré-história da Igreja. Mas as raízes da Igreja são muito mais profundas do que isso.
Lembra que em Cristo todas as coisas são recapituladas – Cristo é o novo Adão, Maria é a nova Eva e a cruz é a nova árvore, tanto a árvore da vida e a árvore do bem e do mal do Jardim do Éden. A Igreja tem a sua origem final no começo de toda a história humana. É por isso que o historiador Católico Warren Carroll começa sua série sobre a história da cristandade com o relato de gênesis de Adão e Eva.
5. Cósmica em escopo
A Igreja Católica não é apenas universal num sentido temporal terreno. Ela é verdadeiramente cósmica em escopo. Isso é o que quer dizer a tríade tradicional da Igreja Triunfante, a Igreja Sofredora e a Igreja Militante – se referindo aos seus membros no céu, purgatório e na terra. Está também implícito na afirmação antiga da fé sobre a comunhão dos santos. As santas Catarina de Sena e Teresa de Lisieux não deixaram de ser Católicas quando elas entraram no céu.
6. Universal em conhecimento
A capacidade da Igreja de assimilar todas as áreas de conhecimento dá testemunho de uma forma especial à sua universalidade. Tanto o Platonismo como o Aristotelianismo encontraram um lar no pensamento Católico, assim como o existencialismo e a fenomenologia do século XX. De certa forma, isso é o que o Cardeal John Henry Newman quis dizer quando ele falou sobre ‘o poder de assimilação’ da Igreja.
7. Universal no amor
Primeiramente, existem numerosas obras de misericórdia corporais e espirituais que são praticadas por indivíduos católicos e por várias ordens religiosas. Além disso, tem a defesa que a Igreja faz da vida e do bem-estar, muito além dos limites visíveis, seja com os mais pobres, um feto,um criminoso enfrentando uma pena injusta ou até mesmo com os nossos inimigos, pelos quais a Igreja nos incita a lutar com justiça, ainda que nem eles possam lutar por eles mesmos. Alguns dos papas do século XX fizeram questão de endereçar suas encíclicas a toda a humanidade. Especialmente as encíclicas Pacem in Terris de João XXIII, Evangelium Vitae de João Paulo II, e a Laudato Si do Papa Francisco. O amor, por sua própria natureza, é universal e absoluto. É através da Igreja Católica que o amor de Cristo brilha sobre toda a humanidade.
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Autor: Stephen Beale
Stephen Beale foi criado como protestante e se converteu ao catolicismo. Ele é de Topsfiel, Massachusetts, se formou em estudos clássicos e história na Brown University em 2004. Suas áreas de interesse são Cristianismo Oriental, teologia Mariana e Eucarística, história medieval e a vida dos santos.
Fonte: Catholic Exchange
Traduzido por Angela de Oliveira – Membro da Rede de Missão do YOUCAT BRASIL, como Voluntária nos Núcleos de Tradução e Comunicação.