Uma das maiores práticas quaresmais é a meditação da Via Sacra. Porém, como qualquer exercício espiritual, ela pode se tornar um ritual seco e maçante, se o seu coração não estiver realmente entregue à meditação. Há alguns anos, um sacerdote mais velho e sábio, chamado Monsenhor John Esseff, mudou para sempre o modo como eu entendia a Via Sacra.
Monsenhor Essef tem sido meu diretor espiritual, confessor, e pregador de retiros há muitos anos. Ainda me lembro quão desconfortável eu fiquei quando ele, pela primeira vez, me disse a sua frase clássica. Com muita sinceridade, ele fala a praticamente todos que conhece: “Você é Jesus”. O teólogo dentro de mim ficou adicionando qualificações e procurando fórmulas doutrinais para justificar essa expressão, mas o Monsenhor continuou insistindo na simplicidade disso: “Você é Jesus”.
Eu sabia que ele tinha tido direções espirituais com o Padre Pio, quando era jovem, e também sabia que ele tinha sido confessor de Madre Teresa e de muitas outras pessoas conhecidas na Igreja, mas eu não podia parar de me perguntar se eu estava me enfiando em alguma loucura. Ninguém nunca tinha me dito que eu era Jesus. Pensar algo assim, sem uma linha de raciocínio, parecia ao menos equivocado, se não herético. Eu me acalmei quando vi no Catecismo uma citação de Santo Agostinho sobre o mesmo ponto: “Nós nos tornamos não só cristãos, mas o próprio Cristo”. E Santa Joana D`Arc reforça: “Sobre Jesus Cristo e a Igreja, eu simplesmente sei que eles são uma coisa só e nós não devemos complicar esta questão” (CIC – 795).
Aí está aonde o mistério esponsal da fé nos leva: os dois – Cristo e Sua Igreja – se tornaram um. Essa unidade é tão profunda que, de maneira real, nossas experiências de vida são experiências da vida de Jesus. Nossos sofrimentos e alegrias são Suas alegrias e sofrimentos. Nossa história de vida é a história de vida Dele – e a Dele é a nossa. Isso é o que está por trás da oração da Via Sacra de uma maneira totalmente nova.
Mais de uma vez, enquanto estava em retiros com o Monsenhor, ele me convidou a percorrer através das estações da Via Crucis como Jesus, a inserir minha própria história nos passos até o Calvário, a reconhecer que Jesus revive sua Paixão, morte e ressurreição através da história de vida única de cada um de nós. Mas quando eu fui “condenado a morte”? Ou quando eu “cai” pela primeira vez? Onde encontrei Nossa Senhora no caminho? Quem foi “Verônica” em minha vida? Quem foi o “Simeão” que me ajudou a carregar minha cruz? Quando eu fui “flagelado”, etc?
A partir de hoje até o domingo de Páscoa, coloque-se como Cristo em cada uma das estações. Talvez você se lembrará de ser “condenado” quando foi ridicularizado por outras crianças do seu bairro. Talvez você verá a si mesmo caindo sob o peso da cruz quando soube do vício do seu esposo em pornografia ou quando soube do câncer do seu pai. Quem sabe, Simeão não foi aquele seu professor que te chamou para conversar depois da aula porque percebeu que você estava passando por momentos difíceis e precisava de um “ombro amigo”.
E a melhor notícia é essa: Jesus revive não somente sua Paixão e morte em nós. Ele também revive sua gloriosa Ressurreição e Ascensão aos Céus! Essa é a esperança que nós celebramos quando a quaresma termina e a grande celebração da Páscoa começa: não importa o que soframos, independentemente do que tenhamos de enfrentar, tudo isso se transformará em glória. Se é assim, então eu quero participar!
Pergunta: Qual foi sua impressão inicial ao ouvir que “Você é Jesus”? Por favor compartilhe aqui conosco!
Por: Christopher West | Fonte: Cor Project
Traduzido por Ludmila Giacone – Membro da Rede de Missão do YOUCAT BRASIL, como Voluntária nos Núcleos de Tradução, Clube de Leitura YOUCAT e atualmente também participa do Grupo de Estudo YOUFAMILY em Brasília – DF