Agir na dúvida é pecado, bem como agir contra a sua própria consciência e também deixar de formá-la bem. Mas antes de explicarmos prontamente estas afirmações, que tal compreendermos um pouco de como a Teologia Moral nos explica o que seja a consciência?
A consciência é um fato de experiência: todos os homens julgam, ao agir, se o que fazem está bem ou mal. Este conhecimento intelectual dos nossos próprios atos é a consciência. Em outras palavras, a consciência é o conhecimento intelectual dos nossos próprios atos ou ainda é o princípio prático presente em cada ação que realizamos a todo momento.
A consciência é um fato de experiência: todos os homens julgam, ao agir, se o que fazem está bem ou mal.
Podemos questionar, à luz das faculdades humanas, se a consciência não seria talvez uma terceira potência, a se somar com a inteligência e à vontade. Ela de fato, não é. Podemos dizer que ela é a própria inteligência quando julga a moralidade de uma ação.
Em resumo, três palavras chaves são importantes quando falamos de consciência. São elas: o conhecimento, o juízo (moral) e ação. De modo simplesmente poderíamos dizer que a consciência é julgar (entre bem ou mal) uma ação a partir do que sabemos.
A consciência é julgar (entre bem ou mal) uma ação a partir do que sabemos.
Segundo o Catecismo: “A consciência moral é um juízo da razão, pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato moral concreto” (CIC 1778)
Do ponto de vista psicológico, é o conhecimento íntimo que o homem tem de si, do ponto de vista moral é a própria inteligência a fazer um juízo prático acerca da bondade ou malícia de um ato.
Quanto a sua natureza, podemos definí-la como um:
- juízo: porque mediante a consciência, julgamos;
- prático: porque se aplica na ordem prática;
- sobre a moralidade de um ato: lhe é próprio julgar se algo é bom ou ruim.
O ato de consciência pode intervir de dupla forma:
- antes de ação: é o que nos faz permitir, proibir, ordenar;
- depois da ação: o juízo aprova o ato como bom, se enchendo de paz, ou reprova como mal, com o remorso.
Há alguns autores, como por exemplo Aurélio Fernandez que acrescentam mais uma etapa:
- Antecedente (antes da ação);
- Concomitante: acompanha a ação enquanto esta se realiza;
- Consequente (depois da ação);
E aqui voltamos ao título deste artigo. Os três pontos a seguir são chamados de Regras Fundamentais da Consciência Moral. Portanto, muita atenção aqui.
Nunca é lícito agir contra a sua própria consciência
Visto que ela é o eco da voz de Deus é também a norma próxima da moralidade dos nossos atos. Agir contra a consciência é, afinal, agir contra si próprio, contra as convicções mais profundas e contra os princípios primeiros da ação moral (Lei Natural).
Agir contra a consciência é, afinal, agir contra si próprio
Agir na dúvida é pecado
De modo que é preciso sair da dúvida antes de agir. De outra maneira, o sujeito expõe-se voluntariamente a cometer pecado.
Ao agir na dúvida, o sujeito expõe-se voluntariamente a cometer pecado
É obrigatório formar a consciência
Uma vez que ela, se ela se engana quando julga dos atos, por força de descuidos voluntários e culpáveis, o agente é responsável por este erro (cf. Lc 11, 34-35). A consciência não cria a normal moral, ela apenas a aplica. Existe um erro chamado subjetivismo moral onde alguém diz: ‘pra mim, não é mau deixar de ir à Missa aos Domingos’. Trata-se somente de aplicar as normas objetivas aos casos concretos.
A consciência não cria a normal moral, ela apenas a aplica.
Para todos os efeitos, é necessário que observermos ao menos estas três condições no que diz respeito a nossa consciência. Não podemos agir contra; Não podemos agir na dúvida; e não podemos deixar de formar nossa consciência. É obrigação de todo cristão buscar a verdade para esta ilumine nossas vidas, pois somente “A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32).
____________________
Referências Principais:
Fernández, Aurelio. Moral Fundamental – Iniciação Teológica. Lisboa: Edicoes Rialp, 2004.
Greco, Teodoro Torre. Teologia Moral – Compêndio de Moral Católica para o Clero em Geral e Leigos. São Paulo: Paulinas, 1959.
Sada, Ricardo, e Alfonso Monroy. Curso de Teologia Moral. Lisboa: Rei dos Livros, 1989.
SJ, R. Paiva. Escritos de Santo Inácio – Cartas Escolhidas. São Paulo: Loyola, 1991.