Em 22 de Janeiro de 1973, a Suprema Corte dos Estados Unidos proferiu uma decisão, em um caso chamado Roe vs. Wade, que teve reverberações políticas e morais em todos os Estados Unidos.
Na decisão, a corte afirmou a legalidade de uma mulher praticar um aborto segundo a 14ª Emenda Constitucional. Ao garantir às mulheres o direito de matar suas crianças ainda não nascidas, a Suprema Corte mudou a sociedade e, com isso, o conceito e a estrutura da família.
Em resposta a essa tragédia, o movimento pró-vida surgiu e se tornou uma força vital no trabalho de restaurar a consciência moral da nação.
De vários modos, essa é uma escalada difícil – uma daquelas que tem grande impacto nas nossas casas, entre nossas famílias, ao criar uma cultura pró-vida ao nosso redor.
Reconhecendo a vida
O processo literalmente começa no útero. A forma como nós valorizamos nossas próprias crianças dá testemunho do valor da vida humana. Quando uma mãe está grávida, é importante que ela fale abertamente – e de forma feliz – com suas outras crianças sobre a graça miraculosa que é a vida crescendo nela.
“Reconhecer a presença da vida é importante”, disse Eva Fortini, mãe de dois filhos. “Eu levo meu outro filho para as consultas de pré-natal. Eu amo quando escutamos as batidas do bebê, e eu posso explicar isso para o meu pequeno”.
Responder suas perguntas de acordo com a sua idade e envolvê-las na preparação para o novo bebê ajuda também. Uma vez que o bebê nasce, as mães deveriam permitir que ajudem a cuidar do irmão ou da irmã, desde que demonstrem interesse e vontade. Mães também não deveriam ter medo de amamentar seu recém-nascido com sua outra criança presente.
Todas essas coisas demonstram às crianças que os bebês são bem-vindos, como uma benção a mais para a vida da família, e não um rompimento dela.
Tenha um olhar positivo
Não é apenas os seus bebês que devem ser valorizados; também devemos valorizar os bebês dos outros. Nossas crianças vêem como nós reagimos a uma gravidez não planejada ou como vemos famílias grandes. Eles podem sentir nosso ceticismo ou desaprovação antes mesmo de nos darmos conta.
“Ser realmente positivo à vida de um recém-nascido, e comemorar isso, é muito importante”, disse Fortini.
Muitas vezes nós escutamos – ou nós mesmos fazemos – comentários que parecem inofensivos, mas na realidade negam o valor da criança, por exemplo “duas crianças já são o suficiente” ou “mais um não!”. Isso manda uma mensagem que bebês são mais um inconveniente do que um dom. Nós também causamos um mal ao responder negativamente ou de forma ameaçadora à gravidez na adolescência. Comentários como “se minha filha engravidar antes do casamento, eu vou…” dá a impressão que bebês são um erro a ser evitado, envergonhar-se ou ser “resolvido” pelo aborto.
“Crianças são como esponjas”, Vicki Thorn, exponente internacionalmente conhecida e fundadora do Projeto Rachel – um ministério de cura pós-aborto – disse durante nossa visita dominical, “Eles absorvem tudo”.
Guiar nossas crianças a serem verdadeiramente pró-vida começa desde o início e é melhor realizada por meios tangíveis.
“Elas precisam de uma perspectiva experimental”, disse Thorn. “Nós temos que mostrá-las que um bebê é uma bênção, não um erro. Deixe que elas tenham a experiência da alegria dos bebês e da beleza da amamentação. Isso terá muito mais influência nelas do que palavras”.
Seja uma testemunha
O que as crianças nos vêm fazendo é tão importante quanto o que elas nos escutam dizer.
“Ser pró-vida significa ser gentil com mulhers, bebês e crianças”, disse Kristen MCGuite, mãe de oito, de Great Falls, Mont. “E sensível à realidade das famílias serem elas mesmas em público. Às vezes, nós podemos ver uma família tendo dificuldades com crianças na missa ou no supermercado. Eu nunca deixo que os meus filhos as critiquem ou mesmo que eles ouçam críticas de mim”.
Com necessidades especiais de suas próprias crianças, McGuire sabe quão difícil pode ser encarar o julgamento dos outros. “Eu digo aos pais que eles estão fazendo um bom trabalho quando posso, e quando eu estou sem palavras, eu tento dar um sorriso genuíno”.
Ações podem falar mais alto que palavras, e então há coisas que nós podemos fazer para criar uma cultura pró-vida em casa. Uma maneira é ajudar ativamente mães gestantes – casadas ou solteiras – dando uma mão quando podemos.
Entrar em um treinamento para novas mães, voluntariar-se em um centro de ajuda às gravidas, rezar pelas clínicas de aborto e participar de associações pró-vida são formas de mostrar o valor da vida.
O que nós não fazemos também é importante. Elizabeth Contreras, mãe de três crianças, está ensinando-as a fazerem escolhas pró-vida.
“Eu converso com as minhas crianças sobre pessoas, organizações e companhias que não apoiam mamães e bebês”, disse ela. “Eu estou ensinando-as a permanecerem afastadas de qualquer coisa ou qualquer pessoa que não apoie mamães e bebês quando eles têm uma chance. Elas são muito novas para explicar ou discutir sobre aborto, mas eu converso com elas sobre ser “a favor da vida”.
Reze
Rezar é um componente essencial da cultura pró-vida em uma família. Rezar pelas clínicas de aborto é uma medida pró-vida eficaz, mas rezar com nossas próprias famílias torna isso parte da nossa vida cotidiana. Quando nós rezamos com nossas crianças pelas mulheres grávidas, pela revitalização da família e pelo fim do aborto, nos as ensinamos que a causa pró-vida não é “algo por ai”. É uma coisa que nós todos deveríamos nos preocupar.
Nós também podemos mostrar às nossas crianças bons modelos, como Santa Teresa de Calcutá, Santa Gianna Beretta Molla e São Gerardo Majella.
Contreras leu a história de Santa Giana com sua filha, e a mensagem permaneceu em casa. No Halloween, sua filha quis se vestir de obstetra.
“Nós encontramos algumas roupas no brechó e ela carregou um bebê para ter certeza que todos sabiam que ela era ‘médica de bebês'”, ela explicou. O mais crítico para criar uma cultura pró-vida em casa é nossa atitude.
“Eu penso que, se é importante, você deve viver isso”, McGuire disse. “Você absorve isso. Se for para a glória de Jesus, então Ele vai abençoar essa atitude ou essa conversa. Você não deve procurar formas de ser mais pró-vida, porque você recebeu o dom de ser pró-vida seja qual tenha sido a forma que Deus escolheu te abençoar. A receptividade é mais importante que a criatividade”.
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Autor: Marge Fenelon
Fonte: Teaching Catholic Kids
Traduzido por Maria Augusta Viegas – Voluntária da Rede de Missão YOUCAT BRASIL, servindo no Núcleo de Tradução.