Neste Domingo de Ramos se inicia uma semana extraordinária e Santa que para nós os cristãos é a “Semana Maior”. E não maior no sentido cronológico, como se tivesse mais dias, mas porque nela celebraremos passo a passo, sobretudo no Tríduo Pascal, o grande mistério com que Deus amou o mundo! Mas por que uma “Semana Santa”? Porque no Cristianismo tudo o que se tornou “santificado”, foi porque passou pelo processo de ser “sagrado, consagrado” para Deus, como nos sugere a palavra grega “AGIOS“ – “sagrado, santo”. (Jo 15, 19 e 17,16-19). E fica um pouco mais claro, quando recorremos aos escritores do Antigo Testamento e descobrimos que eles por mais de 470 vezes, usaram uma outra palavra para definir o conceito “santificação ou santidade”, que é o termo “KODESH“. Eles usavam essa palavrapara se referir a um objeto, pessoa, animal ou lugar que foram “separados do mundo”, “postos à parte”, eleitos, e “dedicados” exclusivamente para Deus (Gn 15, 10; Lv 19,2; Ex 3,5 e Ex 29,1). Pois bem, é por causa de toda essa riqueza escondida na palavra “santidade” é que estamos entrando numa “Semana Sagrada, separada das outras e dedicada a Deus” e à contemplação do seu mistério de amor por nós. Finalmente, podemos dizer que é uma “Semana Santa”, porque “só na santidade o ser humano se torna aquilo para o qual Deus o criou” (YOUCAT 342). Deus nos criou para Ele e por isso pagou um alto preço com o sangue de seu Filho para nos resgatar, nos ter de volta e assim, nos santificar.
Depois da aventura dessa explicação, vejamos agora o significado de cada momento da Semana Santa, desde o Domingo de Ramos até o Domingo de Páscoa e tenhamos uma semana inteiramente dedicada, separada, consagrada para Deus, como se fosse a primeira e última:
O Domingo de Ramos é, simbolicamente, a “porta de entrada” da Semana Santa e, portanto, para chegar à Páscoa. Ainda hoje, como na época de Jesus, a bênção dos ramos atrai as multidões. Todos os anos, a passagem evangélica da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém dá todo o sentido à bênção dos ramos. Revivem-se os momentos em que a multidão acolhe Jesus na cidade de Davi, “cidade símbolo da humanidade”, como um rei, como o Messias esperado há séculos. Aclamam Jesus, dizendo: “Bendito é aquele que vem em nome do Senhor” e “Hosana” (em hebraico, este termo significa “Salvai-nos!” e se tornou uma exclamação de triunfo, alegria e confiança). Jesus é um Rei de paz, humildade e amor. Ele se apresenta à multidão montado em um jumentinho. Zacarias havia anunciado: “Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta” (Zc 9, 9). As pessoas “estendiam seus mantos no caminho ou o cobriam com ramos de árvores”, como relata Mateus, em seu evangelho (Mt 21, 8).
PROCISSÃO DO ENCONTRO.
Em muitas paróquias, especialmente no interior do país, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro” na Quarta-feira Santa. Os homens saem, de uma igreja ou local determinado, com a imagem de Nosso Senhor dos Passos; as mulheres saem de outro ponto com Nossa Senhora das Dores. Acontece, então, o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho. O padre proclama o célebre “Sermão das Sete Palavras”, fazendo uma reflexão, que chama os fiéis à conversão e à penitência.
SANTOS ÓLEOS
Uma das cerimônias litúrgicas da Quinta-feira Santa é a bênção dos santos óleos usados durante todo o ano pelas paróquias. São três os óleos abençoados nesta celebração: o do Crisma, dos Catecúmenos e dos Enfermos. Ela conta com a presença de bispos e sacerdotes de toda a diocese. É um momento de reafirmar o compromisso de servir a Jesus Cristo.
LAVA-PÉS
O Lava-pés é um ritual litúrgico realizado, durante a celebração da Quinta-feira Santa, quando recorda a última ceia do Senhor. Jesus, ao lavar os pés dos discípulos, quer demonstrar Seu amor por cada um e mostrar a todos que a humildade e o serviço são o centro de Sua mensagem; portanto, esta celebração é a maior explicação para o grande gesto de Jesus, que é a Eucaristia. O rito do lava-pés não é uma encenação dentro da Missa, mas um gesto litúrgico que repete o mesmo gesto de Jesus. O bispo ou o padre, que lava os pés de algumas pessoas da comunidade, está imitando Jesus no gesto; não como uma peça de teatro, mas como compromisso de estar a serviço da comunidade, para que todos tenham a salvação, como fez Jesus.
INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
Com a Santa Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde ou na noite da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e faz memória da Última Ceia, quando Jesus, na noite em que foi traído, ofereceu ao Pai o Seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou aos apóstolos para que os tomassem, mandando-os também oferecer aos seus sucessores. A palavra “Eucaristia” provém de duas palavras gregas “eu-cháris“, que significa “ação de graças”, e designa a presença real e substancial de Jesus Cristo sob as aparências de Pão e Vinho.
INSTITUIÇÃO DO SACERDÓCIO
A Santa Missa é, então, a celebração da Ceia do Senhor, quando Jesus, num dia como hoje, véspera de Sua Paixão, “durante a refeição, tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: ‘Tomai e comei, isto é meu corpo’.” (Mt 26,26).
Ele quis, assim como fez na última ceia, que Seus discípulos se reunissem e se recordassem d’Ele abençoando o pão e o vinho: “Fazei isto em memória de mim“. Com essas palavras, o Senhor instituiu o sacerdócio católico e deu-lhes poder para celebrar a Eucaristia. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite.
CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística. Depois deste momento não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.
VIA-SACRA
Ao longo da Quaresma, muitos fiéis realizam a Via-Sacra como uma forma de meditar o caminho doloroso que Jesus percorreu até a crucifixão e morte na cruz. A Igreja nos propõe esta meditação para nos ajudar a rezar e a mergulhar na doação e na misericórdia de Jesus que se doou por nós. Em muitas paróquias e comunidades, são realizadas a encenação da Paixão, da Morte e da Ressurreição de Jesus Cristo por meio da meditação das 14 estações da Via-Crucis.
O Sábado Santo não é um dia vazio, em que “nada acontece”. Nem uma duplicação da Sexta-feira Santa. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo que pode ir uma pessoa. O próprio Jesus está calado. Ele, que é Verbo, a Palavra, está calado. Depois de Seu último grito na cruz – “Por que me abandonaste?” –, Ele cala no sepulcro agora. Descanse: “tudo está consumado!”.
VIGÍLIA PASCAL
Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “a mãe de todas as santas vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia eucarística.
A palavra “páscoa” vem do hebreu “Peseach” e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do Antigo Testamento. A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos. Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus, na Sexta-Feira, transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.
Fonte e ilustrações: Infográfico Canção Nova | Com adaptações do Campus Fidei