Entre os mais conhecidos líderes da Igreja primitiva estão São Pedro e São Paulo. Estes dois homens excepcionais tiveram começos muito diferentes, mas viriam a tornar-se os apóstolos mais importantes de Jesus e seriam eventualmente martirizados por sua fé.
Pedro, um humilde pescador, foi um dos doze apóstolos originais de Jesus, e liderou o movimento cristão primitivo depois que Cristo ascendeu ao céu. Saulo, por outro lado, foi um fariseu, um advogado da lei de Moisés que perseguiu a comunidade cristã primitiva antes de ter uma visão de Cristo e converter-se.
Os santos Pedro e Paulo dedicariam o resto de suas vidas a propagar o ministério de Cristo e eventualmente teriam o mesmo destino: o martírio em Roma por sua fé. Juntos, esses homens se tornariam a base sobre a qual a Igreja Católica seria construída (A Igreja lembra São Pedro, o primeiro Papa, e São Paulo, apóstolo dos gentios, com a Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29 de junho¹).
É de fato notável que a mensagem de Cristo poderia ter inspirado pessoas tão diferentes. É possível que muitos artistas ao longo dos séculos concordassem, já que as representações dos santos Pedro e Paulo são abundantes na arte cristã. Uma pintura que pode nos ajudar a aprender sobre estes dois apóstolos é simplesmente chamada de São Pedro e São Paulo pelo artista espanhol José de Ribera (1591-1652), concluída por volta de 1616. O quadro pode ser encontrado atualmente no Museu de Belas Artes de Estrasburgo, na França.
Nesta pintura, os dois santos são retratados juntos no estilo do tenebrismo. Usando esse estilo, o artista cria um contraste dramático com o uso de sombra e luz. Assim sendo, os dois santos estão claramente em foco, dando mais peso emocional ao quadro.
Na cena, é possível distinguir claramente o mais velho, São Pedro, à esquerda, enquanto o mais jovial, São Paulo, está à direita. Como o fundo é tão escuro, os vários objetos atribuídos a ambos os santos parecem obscurecidos. Após examinar mais atentamente a pintura, entretanto os objetos tornam-se mais aparentes.
São Paulo está segurando uma espada em sua mão direita, que simboliza seu martírio. Sobre a mesa, também representadas em cores escuras, estão as chaves da Igreja, que são atribuídas a São Pedro. Finalmente, entre eles está o livro, que simboliza as escrituras do Novo Testamento. Podemos ver também que Pedro e Paulo estão tendo uma discussão vivaz sobre um pergaminho aberto no centro da pintura. Em essência, é a Palavra de Deus e o trabalho de Cristo que uniu esses homens tão diferentes.
O que é realmente impressionante nesta pintura, e no tenebrismo em geral, é a emoção humana que é claramente retratada nas figuras da pintura. Com o hiper-realismo renascentista e o contraste entre sombra e luz, o observador é verdadeiramente atraído pela pintura, pelas emoções e pela humanidade das figuras retratadas nela.
Vemos aqui que Ribera se aproveita disso para mostrar a importância do aspecto humano desses dois homens que dedicaram e eventualmente perderam suas vidas por sua fé. Nesta festa de São Pedro e São Paulo, lembremos de sua humanidade, sua dedicação, e mais importante, de sua fé. São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
[¹N.T.: no Brasil, quando a data não cai em um domingo, a festa é transferida para o domingo seguinte.]
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Autor: Geoffrey LaForce
Geoffrey LaForce é graduado na Assumption College em Worcester, Massachusetts (EUA), e um escritor freelancer.
Fonte: Catholic Digest
Traduzido por Mariana Leite – Membro do grupo de estudos YOUCAT Dating São Judas Tadeu, voluntária no Núcleo de Tradução.