Uma das memórias mais antigas que eu tenho é de quando eu tinha quatro anos e estava num supermercado com meu pai. Lembro-me de encarar as fileiras de doces no balcão do caixa antes que meus olhos pousassem sobre um pacote de balinhas, e perguntei ao meu pai se poderíamos comprar um. Naquela vez – não sei por qual motivo – a resposta foi não, mas a pequena Lindsey estava decidida em conseguir um. Naturalmente, meu próximo passo foi enfiar um pacote dentro da calça verde de veludo e sair da loja atrás do papai.
Se você está se perguntando como a história termina, meu pai reparou que eu estava andando para o carro como se fosse um pinguim, descobriu o pacote de balas dentro da minha roupa e devolveu para a loja. Foi a primeira vez que eu peguei algo que não pertencia a mim, mas não seria a última vez que eu, conscientemente, insistiria em ter algo que eu queria, ainda que não fosse meu. Algumas pessoas, com mais facilidade que outras, rendem-se diante de circunstâncias desfavoráveis; outras insistem, teimosamente, em manter o desejo inicial. Eu tendo a me encaixar nessa última categoria em todos os aspectos da minha vida – até mesmo no âmbito da fé.
Ainda que eu pense que fiz um grande progresso nessa área, continuo achando bastante desafiador renunciar as coisas que eu quero em prol de um maior plano de Deus. Recentemente, tem sido difícil abrir mão das pessoas que eu gostaria que estivessem em minha vida. Perder amigos, pessoas importantes ou familiares, sempre é doloroso; contudo, abrir mão do futuro que você construiu, na sua cabeça, com alguma pessoa, pode ser ainda pior. Nós, muitas vezes, ficamos apegados a pessoas, ideias ou coisas que talvez não necessariamente devam estar em nossa vida só porque achamos que não seremos felizes sem elas. E quando não conseguimos essas coisas ou perdemos as pessoas que havíamos idealizado, que nos satisfazem no momento presente, é fácil perceber as feridas que essas perdas deixaram para trás.
Conforme luto com esses “buracos” em minha vida, estou aprendendo que, na verdade, eu não quero o que eu acho que quero, a menos que essa seja a vontade de Deus para mim. Só nos apegamos a coisas que achamos que sejam boas para nós, mas não podemos, em última análise, forçar algo que esteja fora do plano de Deus. Se insistirmos em nossos próprios míopes desejos, colocaremos em risco a felicidade duradoura, enquanto nos apegamos a coisas que nunca foram feitas para nós. É bem provável que estejamos deixando passar as coisas que sempre foram nossas para nos apegar a algo inferior.
Todos gostam de doce? É claro (bom, a maioria de nós gosta). Uma criança comeria doce de manhã, à tarde e à noite se os pais não insistissem que ela tivesse uma alimentação saudável? Com certeza. Mas o que se seguiria seria desastroso para a saúde e bem-estar da criança. Eles trocariam o que é necessário para a nutrição e o crescimento em favor de algo doce, mas totalmente vazio e que não satisfaz. Deus é o pai, e nós somos as crianças teimosas que frequentemente preferem doces a comidas nutritivas porque queremos que nossos desejos sejam satisfeitos instantaneamente, e não no tempo de Deus. Não estamos dispostos a esperar pelo que é bom para nós – preferimos tê-lo agora. Essa mentalidade, entretanto, deve ser conquistada, porque as coisas que Deus pensa para nós irão satisfazer nossos anseios de uma forma que mal podemos imaginar.
Se você tiver se apegado a algo ou a alguém, e isso está sugando suas forças, ou se você estiver se lamentando por um sonho ou um relacionamento fracassado, eu quero que você saiba que isso nunca te pertenceu. Isso não significa que a pessoa ou o objetivo, em si, era ruim, mas simplesmente que você perdeu o que nunca foi seu. Deus trabalha para nosso bem dentro das escolhas que tomamos, mas quando escolhemos errado, Ele geralmente encontra uma forma de corrigir nosso caminho, tirando a pessoa ou as coisas da nossa vida. Essas pequenas (ou grandes) perdas sempre irão machucar, mas se continuarmos a confiar na Pessoa que nos conhece melhor que nós mesmos, Ele irá preencher essas perdas com belas coisas. “E nós sabemos que, em todas as coisas, Deus trabalha para o bem daqueles que o amam” (Rm 8, 28).
Deixe para trás suas perdas e confie nos planos de Deus, porque “há coisas muito melhores à frente do que qualquer uma que tenhamos deixado para trás” (C. S. Lewis).
Além disso, crianças, não se esqueçam: roubar é errado.
Autor: Lindsey Todd
FONTE: Chastity Project
Traduzido e adaptado por Tiago Veronesi Giacone – Membro da Rede de Missão do YOUCAT BRASIL, como Voluntário nos Núcleos de Tradução, Formação, Clube de Leitura YOUCAT e também atualmente participante do Grupo de Estudo YOUFAMILY em Brasília – DF.