Como o “Davi” de Michelangelo pode nos encorajar na vida espiritual

É fácil ficarmos desanimados na jornada espiritual.

Sentimos que não somos santos como deveríamos ser. Caímos com frequência nas mesmas tentações. Nossas fraquezas nos golpeiam à face todos os dias.

Enfrentamos dificuldades na busca por um tempo para oração.

Ou exercendo a paciência com nosso cônjuge.

Ou nos contendo para não julgar os outros.

Ou para sair do sofá.

Em meio a essas dificuldades, ficamos desanimados por não sermos santos ou bons o suficiente. Concebemos a santidade como se fosse um ideal impossível, algo destinado apenas aqueles poucos que se lembram de rezar o rosário diariamente.

Olhamos para os santos e vemos pessoas imensas. Somos intimidados por eles da mesma forma que somos intimidados por aquelas pessoas populares da escola.

Acima de tudo, o mundo em que vivemos faz com que seja difícil não só escolher pela virtude, mas também lembrar por que essa escolha vale a pena. Cultivar um coração de paz, alegria, amor e altruísmo é a coisa mais contra-cultural e difícil de se fazer.

Nesse artigo, você descobrirá o papel dos santos na sua vida, não como amuletos, mas enquanto amigos que auxiliam na jornada. Amigos que tiveram suas próprias tentações, fraquezas e momentos de dúvida.

Essa sensação me atingiu de forma pungente durante uma visita na Accademia Gallery em Florença, na Itália, quando eu vi algumas estátuas um pouco estranhas de Michelangelo no caminho até o corredor da espetacular escultura de Davi. Tratava-se de obras inacabadas de figuras que pareciam presas em blocos de pedra, lutando para emergir. Achei-as um pouco interessantes porque sabia quem era o escultor, mas passei rapidamente por elas.

Então cheguei até o final da sala, onde estava disposto o Davi de Michelangelo. Rapidamente compreendi para qual direção caminhava o artista com aquelas peças de mármore que eu nem dei tanta atenção. Depois de admirar o Davi, voltei-me para elas e finalmente pude apreciar a nobre beleza daquelas obras inacabadas.

Assim também é conosco e com os santos. Também nós somos obras em progresso. Os santos são obras de arte já finalizadas que nos mostram a que somos chamados a ser. Estudar e celebrar a vida deles é uma forma de compreendermos nosso próprio chamado e dignidade.

Santos que viveram ao longo desses dois mil anos já estão na glória do céu, de forma que nós, que estamos ainda lutando neste mundo, somos como que o topo do iceberg, a parte visível ainda que pequena da “nação santa” de Deus. Parte do que significa ser católico é conhecer esses muitos heróis da fé que foram feitos santos, perfeitos e sem mancha. Podemos aprender sobre suas vidas e ler seus escritos para que nos ajudem a nos mantermos no caminho, correndo a mesma corrida que eles. Podemos trazer conosco imagens deles ou fotos, assim como as nações fazem com seus heróis. Para nós, porém, essas imagens não apenas nos encorajam a imitá-los: são como fotos de membros de nossa família – uma recordação que os santos estão gloriosamente vivos em Cristo e que eles rezam constantemente por nós, caminhando conosco enquanto damos nossos pequenos e imperfeitos passos até o céu.

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Autor: Dr. Marcellino D’Ambrosio

É doutor em Teologia Histórica pela Universidade Católica da América, sob a direção do Cardeal Dulles, e tem uma grande carreira como autor católico, palestrante internacionalmente respeitado, líder de peregrinações e professor universitário.

Fonte: Ascension Press

Traduzido por Tiago Veronesi Giacone – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Comunicação e Formação, além de atualmente participante da coordenação do Grupo de Estudo YOUFAMILY em Brasília – DF.

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