Conheça a Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi

O documento inicia sua apresentação falando da importância de estabelecer um itinerário de vida que tenha como preocupação preparar um caminho seguro e confortável diante das incertezas e desorientações da modernidade, para todos aqueles que vivam uma missão de evangelização. Para que façam com mais amor, zelo e alegria.

A Evangelli Nuntiandi é dividida em 7 partes e uma conclusão. Escrita no pontificado de Paulo VI, 10 anos após o Concílio Vaticano II é sem dúvida um dos frutos mais importantes deste concílio. Ela surge da reflexão sobre evangelização a partir das riquezas do Sínodo 1974 que levantou três grandes questionamentos que norteiam este documento: “O que é que é feito, em nossos dias, daquela energia escondida da Boa Nova, suscetível de impressionar profundamente a consciência dos homens? Até que ponto e como é que essa força evangélica está em condições de transformar verdadeiramente o homem deste nosso século? Quais os métodos que hão de ser seguidos para proclamar o Evangelho de modo a que a sua potência possa ser eficaz?”

A primeira parte tem o título ‘De Cristo Evangelizador a Uma Igreja Evangelizadora’ e busca recordar os aspectos primeiros da evangelização e seus fundamentos. A Boa nova é o Testemunho que o Senhor Jesus dá de si mesmo. É Ele o primeiro anunciador, aquele que percorrer as cidades a proclamar a Boa Nova que era o reino de Deus. É “o anunciar” por excelência. E dois são os conteúdos deste anúncio: o Reino de Deus e a salvação libertadora, sendo esta segunda o núcleo e centro da Evangelização. E a partir deste anúncio, nossa resposta é a conversão, pois estamos diante de uma pregação única e infatigável em si mesma. Por fim, ele mostra a ligação íntima entre a Igreja e Cristo. E é a Igreja hoje que tem a tarefa de evangelizar, resposta natural de todo aquele que recebeu o evangelho e o aceitou com amor. Se recebemos, devemos e levar a Boa Nova.

A segunda parte vem definir ‘O que é Evangelizar?’. Para além de definir a evangelização em termos de anúncio de Cristo, pregação, catequese, de batismo ou mesmo de vivência sacramental, o Papa nos convida  entender a realidade rica, complexa e dinâmica da evangelização. É importante considerar a humanidade em sua totalidade, desde as faculdades principais que regem o homem à cultura. E esta renovação da humanidade deve passar por uma evangelização com o testemunho da vida, com o a necessidade de um anúncio explícito, adesão do coração e por fim uma adesão vital numa comunidade eclesial e aceitação dos sinais e iniciativas de apostolado. Ou seja, é a partir destes elementos todos que podemos fazer uma análise da complexa forma da evangelização. Parecem contrastantes, mas são na verdade complementares.

A terceira parte vai tratar do ‘Conteúdo da Evangelização’ afirma que apesar dos elementos secundários da evangelização, existe um conteúdo que sempre permanece essencial. De modo simples, evangelizar é dar testemunho de Deus que é Revelado em Jesus Cristo e neste testemunho sempre há de conter a mensagem de que a salvação pertence a Ele e dada por Ele como graça. Esta mensagem traz junto de si um sinal de Esperança que envolve toda a vida humana. E de modo exaustivo ao fim desta parte, o Papa aborda o tema da liberdade que a mensagem da Boa Nova em Cristo propõe. Não é uma liberdade qualquer pois exige uma observação da totalidade humana em todos seus aspectos antropológicos nos quais se incluem a própria vida do homem com Deus.

A quarta parte vai abordar ‘As vias da Evangelização’ e tentar responder as difíceis questões que giram em torno de ‘como evangelizar ?’. O documento vai fazendo um link com o que foi tratado anteriormente. O testemunho de vida se faz muito mais efetivo ao homem contemporâneo. Uma pregação viva se faz necessária, uma vez que o anúncio é infatigável. Devemos seguir a dinâmica da própria mensagem de Cristo. O Papa fala da Liturgia, da Catequese, da Comunicação em massa como formas importantes de levar a Boa Nova e aponta que é necessário o contato humano, pois a própria relação em Deus se dá de pessoa pessoa. E por fim, a evangelização não se encerra no ensino da Doutrina, mas também na profunda vivência sacramental.

A quinta parte vai definir quem são ‘Os destinatários da Evangelização’. No evangelho de Marcos as últimas palavras de Cristo são: ‘Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura’. O primeiro anúncio é dedicado àqueles que nunca ouviram a Boa Nova de Jesus e às Crianças. Outra parte deste anúncio deve ser às religiões não cristãs. E mesmo apesar dos vários aspectos que as grandes e respeitosas religiões trazem junto de si, a Igreja não pode calar diante do anúncio de Jesus Cristo. É preciso sempre conservar bem vivo o ardor missionário. Trata também daqueles que estão no seio da fé e precisam voltar a ter contato com o Evangelho. E também sobre os que não creem e não praticam. Por fim, o Papa traduz uma real necessidade Pastoral que é formar as comunidades eclesiais de base para que possam melhor servir no caminho e estarem aptos a Evangelização. Em resumo, o Papa aborda a evangelização para o que nunca ouviram, para o que já ouviram e deixaram perder (Nova evangelização) e para os que estão na base eclesial e firmes na fé.

A sexta parte vem falar dos ‘Obreiros da Evangelização’. E mais uma vez retoma a questão da Igreja e Cristo e sua união por conta da mensagem transmitida. Toda a Igreja passa a ser missionária. É missão de todos evangelizar e partir disso temos um aspecto importantíssimo da definição eclesial. A evangelização é um ato comunitário e nunca a ser realizado sozinho. É a Igreja que evangeliza, não cada um de nós sozinho. Evangelizamos em nome da Igreja. O Papa retoma com clareza a questão da hierarquia da Igreja, onde temos Papa, como sucessor de Pedro, encarregado do ministério de ensinar e as Igreja Particulares e Universal como parte única de um mesmo Corpo de Cristo. A Igreja particular pode adaptar a sua evangelização de acordo com suas necessidades, mas deve estar sempre a aberta a Igreja Universal. A Igreja Universal se encarna das Igrejas Particulares e estas devem manter a sua unidade sem deixar de lado os desafios das suas particularidades em relação aos destinatários da evangelização. Ao fim desta parte, ele estabelece a função e o lugar de todos na Igreja, a começar pelo Papa, passando pelos Bispos e sacerdotes, Religiosos, pelos Leigos, pela Família a chegar no Jovens e nos diversos ministérios. Todos são protagonistas neste processo.

A sétima parte fala do ‘Espírito da Evangelização’. É um apelo final para que estejamos sempre sob a inspiração do Espírito Santo. Não há como haver evangelização sem a ação do Espírito Santo. Devemos nos preparar, ter a técnica de evangelizar, mas não podem substituir a ação do Espírito Santo. Mais do que nunca o testemunho da vida tornou-se uma condição essencial para a eficácia profunda da pregação. Devemos apresentar sempre a imagem de homens unidos em Cristo e não separados. É importante também enxergar e viver o sinal da Unidade em Cristo Jesus. Levamos palavras de Verdade e à Ele damos todo nosso esforço e ter a certeza de que somos animados pelo amor, pois Evangelizar é um ato fraterno. Não há como considerar toda a natureza humana, seu aspecto espiritual, psicológico se não for por amor. E por fim, como último apelo somos convidados a observar o testemunho dos Santos e buscar viver com o mesmo fervor com qual viveram.

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