Enquanto olhava para meus filhos, todas as noites, antes de dormir, perguntava-me como seria o futuro deles. Questionava-me sobre qual vocação eles teriam, e que tipo de relacionamento eles teriam uns com os outras e com Deus.
E então, enquanto eu vagarosamente deixava o quarto e silenciosamente fechava a porta, percebi que as respostas a essas perguntas dependem de uma pessoa. De mim. Do pai deles. Não quero dizer que minha esposa não tenha nada a ver com isso. Se eu não a tivesse ao meu lado, nosso lar estaria de pernas para o ar. Mas estudos claramente mostram a necessidade do pai ou, pelo menos, de uma figura paterna, na vida das crianças. Aqueles que vêm de realidades com um pai ausente, ou com um modelo masculino não tão participativo em suas vidas, têm maiores chances de se envolverem em problemas que podem levar à cadeia, a viverem em promiscuidade sexual ou diversos outros problemas.
Como pai católico, tenho ainda mais exigências sobre mim, e devo satisfazer essas expectativas, particularmente porque eu prometi assim fazer nos batizados dos meus filhos. Sei que estou longe de ser eleito o pai do ano (rezo para que Deus permita que eu crie bem meus filhos todos os dias), mas, com o Dia dos Pais, tenho pensado no modo como os pais, e os pais católicos em particular, precisam ser corajosos. O que significa ser um bom pai católico nos dias de hoje? Eu sou pai apenas há 4 anos, então minha experiência pode não ser suficiente, mas aqui estão quatro meios que nós, enquanto pais católicos, podemos viver nossa vocação de um modo heroico. Porque esse é nosso chamado: dar um testemunho heroico aos nossos filhos.
1. Reze com seus filhos todos os dias, e deixe que eles te vejam rezar.
Nós, enquanto pais, juntamente com nossas esposas, somos os primeiros instrutores na fé dos nossos filhos. Não o professor de ensino religioso. Não o padre de nossa paróquia. Não nossas próprias mães. Nós somos. Estudos mostram que, quando um pai não pratica a fé na frente dos filhos, há apenas uma pequena chance de que os próprios filhos sejam praticantes da fé quando adultos. Seu papel de pai importa para a salvação eterna dos seus filhos. Eu não poderia ser mais direto que isso.
Enquanto pai, você precisa rezar com seus filhos, principalmente durante a Missa. Permita que eles te vejam fazer o Sinal da Cruz, vagarosamente, depois de mergulhar seus dedos na fonte de água benta. Deixe que eles te vejam fazer a genuflexão ante seu Deus quando entra e sai da Igreja, e assegure-se que eles também a façam quando estiverem mais crescidos (meu filho de 2 anos e 1 mês de idade é capaz de fazer a genuflexão, então os ensine ainda jovens). Permita que eles vejam você bater no peito, demonstrando arrependimento, durante o Ato Penitencial. Deixe que eles vejam você inclinar sua cabeça em reverência durante a elevação da Eucaristia. Além disso, reze antes das refeições, e assegure-se que você ou a sua esposa (ou vocês dois) estão rezando com as crianças antes de dormir. As crianças são ótimas em aprenderem coisas. Crianças pequenas rapidamente aprendem as orações do Pai Nosso, da Ave Maria, e algumas outras que você rezar com elas todos os dias.
Frequentemente, leio essa passagem das Escrituras quando rezo as Completas da Liturgia das Horas, e é algo de que os pais devem se lembrar:
“Gravai, pois, profundamente em vosso coração e em vossa alma estas minhas palavras… Ensinai-as aos vossos filhos, falando-lhes delas seja em vossa casa, seja em viagem, quando vos deitardes ou levantardes” (Dt 11, 18-19).
Sempre é um bom momento para conversar com nossos filhos sobre Nosso Senhor Jesus.
2. Sempre esteja no mesmo time que sua esposa, a mãe dos seus filhos
Você e sua esposa devem estar em sintonia. Na “Familiaris Consortio”, São João Paulo II se dirigiu aos pais com as seguintes palavras:
“O amor à esposa tornada mãe e o amor aos filhos são para o homem o caminho natural para a compreensão e realização da paternidade. Revelando e revivendo na terra a mesma paternidade de Deus, o homem é chamado a garantir o desenvolvimento unitário de todos os membros da família. Cumprirá tal dever mediante uma generosa responsabilidade pela vida concebida sob o coração da mãe e por um empenho educativo mais solícito e condividido com a esposa, por um trabalho que nunca desagregue a família, mas a promova na sua constituição e estabilidade, por um testemunho de vida cristã adulta, que introduza mais eficazmente os filhos na experiência viva de Cristo e da Igreja” (FC 25).
Nossos filhos precisam ver que amamos a mãe deles. É por isso que sempre devemos colocar nossas esposas em primeiro lugar (bem, em segundo, depois de Deus, é claro). Muitas pessoas em nossa cultura invertem os papéis e colocam os filhos antes da esposa. Nós, como pais católicos que somos, não podemos fazer isso. O matrimônio é permanente. Sabemos disso. Se nosso relacionamento com nossa esposa não estiver bom, haverá efeitos negativos sobre nossos filhos. Precisamos manter a harmonia em nossa família, e se nossos filhos nos virem sendo gentis com a mãe deles, eles testemunharão a verdadeira masculinidade. Não briguem na frente das crianças, e sempre reze a São José que você seja um bom marido para que, consequentemente, seja um bom pai.
3. Diga a seus filhos que você os ama.
Você precisa dizer isso aos seus filhos. Até mesmo aos meninos. Sabemos que as filhas são as meninas dos nossos olhos, e somos afetuosos com elas. Mas nossos meninos também precisam disso. Não importa se você tiver filhos ou filhas, ou ambos, você deve expressar que os ama. Você pode dizer isso com três pequenas palavras. Ou desça até o chão e brinque com eles. Demonstre interesse em suas atividades, criações, esportes. Mostre a eles, ensinando-os acerca do seu grande amor, Jesus Cristo. Às vezes, pensamos que nossas esposas são como retransmissoras exclusivas de canais de desenhos infantis; mas isso não poderia estar mais longe da verdade.
Como pais, é claro que podemos ser um pouco mais rígidos com nossos filhos, acabar brigando com eles mais vezes do que nossas esposas gostariam, mas também precisamos ser carinhosos com eles, e eles precisam perceber isso. São João Paulo II também alerta contra o fenômeno do machismo. Não seja como os caras que você vê em Hollywood ou na TV. Aquilo não é masculinidade autêntica. As crianças precisam que seus pais deem a elas firmeza e ternura. Não é um ‘ou’, mas um ‘também/e’.
4. Reze frequentemente o Rosário
Sei que já disse que os pais precisam rezar, mas isso merece um ponto específico. Numerosos santos atestaram o poder do Rosário. São Padre Pio continuamente rezava o Rosário, chamado, por várias vezes, de “a arma”. E assim o é, enquanto excelente instrumento para a batalha espiritual. Isso significa que é bom que seus filhos o utilizem desde cedo. Quando eu era jovem, meu pai sempre liderou nossa família por meio do Rosário. Não é uma oração de velhinhas. É uma oração para todos os católicos, especialmente para os pais.
Aí vai algo que muitas pessoas podem não saber: é possível ganhar uma indulgência plenária ao rezar o Rosário com sua família. Isso pode ser feito diariamente. Como eu disse, meu pai (e minha mãe) frequentemente rezavam o Rosário comigo e com meus três irmãos. E, além disso, não era incomum, em minha grande família italiana de mais de 60 pessoas, recitar o Rosário em festas de aniversários de alguém da família. Meu pai, meu avô, meus tios e primos todos se juntavam a nós. Era um belo testemunho.
Porém, é verdade que as coisas ficam um pouco loucas às vezes, com crianças correndo para todos os lados, tanto em festas de família quanto em casa? Sim. E a situação ainda piora quando tentamos rezar o Rosário com duas crianças menores de 4 anos. Mas é necessário. Se preferir, reze apenas uma dezena do Rosário. Mas eu te desafio a começar a rezar todas as cinco dezenas do Rosário com seus filhos assim que eles aprendam a Ave Maria. Permita que a fé católica esteja à frente e no centro da sua família.
É claro, esses são apenas alguns pontos que nos ajudam a sermos pais melhores. Mas, pelo menos, é um começo. Temos tão grandes exemplos entre os santos, e por isso devemos olhar para eles enquanto nos esforçamos para sermos pais bons e amorosos para nossos filhos. Afinal de contas, há apenas uma razão pela qual fazemos tudo isso: que toda a nossa família esteja unida a Nosso Senhor, um dia, no Céu. Você quer que seus filhos cheguem ao céu ao fim da vida terrestre? Você, como pai deles, precisa liderá-los até lá.
Quais outras formas existem para que sejamos pais melhores, ou de que maneira podemos ajudar nossos próprios pais ou maridos na vocação de pai? Conte-nos nos comentários.
Autor: Nicholas LaBanca
Fonte: Ascension Press
Traduzido por Tiago Veronesi Giacone – membro da Rede de Missão do YOUCAT BRASIL, servindo nos Núcleos de Tradução, Formação e também participante do Grupo de Estudo YOUFAMILY em Brasília – DF