A inconveniente verdade que muitas pessoas pró-vida não querem encarar. (PARTE I)

25 de julho de 2018, marcará os 50 anos que o Beato Papa Paulo VI surpreendeu o mundo com a profética e magnifica encíclica “Humanae Vitae” (sobre a transmissão da vida humana), reafirmando o ensinamento cristão tradicional contra a contracepção. Embora ele tenha sido ridicularizado e desprezado globalmente – tanto de fora, quanto infelizmente, de dentro da Igreja – suas palavras eram prescientes. Ele advertiu que um mundo contraceptivo se torna um mundo de infidelidade desenfreada; um mundo onde mulheres e filhos estão desordenados; um mundo em que os governos atropelam os direitos e necessidades da família; e um mundo no qual os seres humanos acreditam que podem manipular seus corpos à vontade (veja HV 17).

Hoje estamos compartilhando com vocês a primeira de uma série de 3 profundas reflexões que o autor e professor Christopher West.


PARTE I

Como ocorreu logo após a inauguração presidencial e a Marcha das Mulheres em Washington, a Marcha pela Vida deste ano aconteceu em um momento particularmente importante na história dos EUA. Tiremos o chapéu para todos aqueles que se dedicaram à importante luta pela dignidade de toda vida humana.

Mas você já se perguntou por que mais de 40 anos de esforços pró-vida mal afetaram a cultura da morte?

Há uma verdade inconveniente que muitos pró-vida não querem enfrentar: nunca resolveremos o problema do aborto (sem mencionar a cultura da morte e o caos generalizado da ideologia de gênero) até abordarmos o problema da contracepção.

A visão cristã da sexualidade, compreendida ao longo dos séculos, pode ser resumida de maneira muito simples: casamento, sexo e bebês estão todos juntos… e nessa ordem. Em seu desígnio amoroso, Deus uniu essas três realidades como num nó apertado para revelar, em nossa carne, a verdade de sua própria aliança eterna de amor e Paternidade. A contracepção não só afrouxa o desse contexto fundamental e ordenador da sociedade, como também corta os LAÇOS.

Quando desatamos o apertado nó do casamento, sexo e bebês, acabamos redefinindo os 3. 

Separe o ato sexual da geração de filhos e você também separará o sexo do contexto matrimonial – tanto em princípio quanto na prática. Enquanto a conexão natural entre o ato sexual e os bebês for mantida, percebemos intuitivamente que a relação sexual é o contexto adequado para aqueles que se comprometeram a criar filhos: esse compromisso é chamado casamento. Insira a contracepção nesse nó apertado do vínculo casamento-sexo-bebês e tudo começa a se desmanchar.

A tentação de cometer adultério certamente não é algo novo. No entanto, um dos principais impedimentos ao longo da história de sucumbir à tentação tem sido o medo de uma gravidez indesejada. Esse é o estreito vínculo “casamento-sexo-bebês” fazendo seu trabalho. O que aconteceria com as taxas de adultério em uma determinada população se desatássemos esse nó com a contracepção? Os casos de infidelidade certamente aumentariam. O que acontece quando se aumenta a quantidade de adultérios? As taxas de separação conjugal e divórcio aumentam.

E AINDA MAIS. A tentação de se envolver em sexo antes do casamento não é novidade. No entanto, um dos principais impedimentos ao longo da história de sucumbir à tentação tem sido o medo da gravidez indesejada. Mais uma vez, esse é o vínculo fazendo seu trabalho. O que aconteceria com as taxas de fornicação em uma determinada população se desatássemos esse nó com contracepção? Eles certamente cresceriam.

FICA AINDA PIOR. Como nenhum método de contracepção é 100% eficaz, um aumento de adultério e fornicação em uma dada população inevitavelmente levará a um aumento de gravidez indesejada. O que acontece quando um grande numero de mulheres se encontra grávida e não quer estar? A demanda por um “direito” legal ao aborto se segue logicamente como uma maneira de “resolver” esse problema.

A visão popular diz que um melhor acesso à contracepção diminui as taxas de aborto, mas mesmo um exame superficial de dados mostra que, em todas as nações que adotaram a contracepção, os abortos multiplicaram, não diminuíram. Depois que cortamos o laço que une o casamento, o sexo e os bebês, fica difícil reafirmá-lo. O impulso inicial de saciar a libido sem compromisso e inconsequentemente, assim, transforma-se em uma demanda para ser “livre” para fazê-lo, mesmo correndo o risco de colocar fim a vida humana inocente.

Embora haja uma lógica inicial na ideia de que a contracepção freiaria o aborto, após uma análise mais profunda, percebemos que tentar resolver o aborto com a contracepção é como jogar gasolina no fogo para tentar apagá-lo. Em última análise, há apenas uma razão pela qual convivemos com a realidade do aborto: porque as pessoas que não estão abertas à vida estão engajadas no comportamento projetado precisamente para gerá-la.

FICA PIOR. Nem todo mundo vai recorrer ao aborto, claro – demos graças a Deus por isso. Alguns entregarão seus filhos para adoção, o que é uma decisão heroica. Na maioria dos casos, no entanto, as mães criam seus filhos sozinhas. Isso também pode ser heroico, mas o número de crianças que crescem sem pai – que já aumentou por conta do aumento do divórcio – será agravado. Certamente, a graça de Deus pode suprir o que está faltando e aqueles que foram criados sem um pai podem levar uma vida sadia e santa. Mesmo assim, como indicam numerosos estudos (e o senso comum), as chances aumentam drasticamente de que as crianças “sem pai” cresçam na pobreza, tenham problemas emocionais, psicológicos e comportamentais; sofram problemas de saúde; abandonem a escola; envolvam-se em sexo pré-marital; façam abortos; usem drogas; cometam crimes violentos e acabem na cadeia. Todos esses males sociais aumentam exponencialmente de geração para geração, já que os filhos “sem pai” também têm maior probabilidade de ter filhos fora do casamente e, caso se casem, de se divorciarem.

Como a história mostra claramente, quando começamos a desfazer o estreito laço entre casamento, sexo e bebês, acabamos redefinindo os três. Os bebês se tornam meros “aglomerados de células”. O ato sexual se torna mera troca de prazer entre parceiros que consentem (independentemente do sexo). E o casamento torna-se um selo de aprovação social e governamental exigido para o método preferido para uma troca de prazeres sexuais.

Essa não é uma previsão terrível de um futuro apocalíptico. Esse é o mundo em que vivemos agora. Um mundo trazido a você por meio da… contracepção, e das suas muitas, muitas consequências.

Para um tempo como este é que nos foi dada a Teologia do Corpo de São João Paulo II.

Autor: Christopher West

FonteCor Project

Traduzido por Rodrigo Mourão – Membro da Rede de Missão do Campus Fidei

Este site utiliza cookies para lhe oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar neste site, você concorda com o uso de cookies.