São Joaquim e Sant’Ana: O ícone do amor matrimonial

Há alguns anos, enquanto um padre Bizantino estava fazendo um tour por sua igreja, eu vi um largo e proeminente ícone de um casal se abraçando. Olhando mais de perto, eu percebi que havia um leito conjugal atrás deles. Estava claro que era um belo e casto retrato de amor e união conjugal. É claro que, com meu intenso interesse por Teologia do Corpo e a história da “analogia esponsal” na Igreja, eu quis saber sobre a história por trás desse “ícone de amor conjugal” na teologia oriental.

“Você sabe quem são eles, não sabe?”, perguntou-me o padre. “Não, não sei”. “Esses são Joaquim e Ana”, ele disse. “Você sabe como esse ícone é chamado?” “Não, não sei”, eu respondi com interesse em aprender. “A Imaculada Conceição“. Eu fui preenchido por um sentimento de maravilha e também por uma profunda gratidão por essa “santa ousadia” encontrada na tradição da Igreja Oriental.

Para ser honesto, eu nunca pensei profundamente sobre a união amorosa de São Joaquim e Sant’Ana. Se eu pensei alguma vez sobre a vinda de Maria ao mundo, a palavra “concepção” me fez pensar em termos do miraculoso evento no ventre de Ana, quando os méritos da morte e ressurreição de Cristo foram aplicados “com antecedência” em Maria no primeiro momento da sua existência (veja CIC 491-492). Mas, em termos da união de Joaquim e Ana que precedeu o biológico e teológico evento da concepção de Maria, eu nunca o considerei. Talvez tenha pensado que ninguém deveria fazer isso. Mesmo assim, nesse ícone sagrado – desconhecido pela maioria de nós no Ocidente – a tradição da Igreja Oriental mantém a casta e amorosa união de Joaquim e Ana como o símbolo de contemplação do mistério da Imaculada Conceição.

O que devemos fazer com isso? Não preciso dizer que nós devemos respeitar o importante véu que permeia o mistério do enlace de Joaquim e Ana, como o ícone faz. Com esse respeito sendo o ponto de partida, ao menos, uma coisa que esse ícone me faz pensar é sobre a possibilidade de real santidade e virtude no ato conjugal, não apenas uma ideia intelectual, mas uma experiência vivida. O enlace conjugal de Joaquim e Ana, como castamente colocado no ícone da Imaculada Conceição, deveria ajudar todos os casais casados a aspirar a uma vida íntima que é “cheia de graça”. O ato conjugal em si, São João Paulo II nos diz, como a expressão de consumação do sacramento do matrimônio, deve ser a expressão e participação na “vida no Espírito” (veja Teologia do Corpo, 131, 5), que é, na realidade, na vida da Santíssima Trindade.

Com certeza, se essa realidade “cheia de graça” deve se tornar uma experiência viva para os casais e não apenas uma ideia intelectual, nós devemos buscar uma “purificação total”, como São João Paulo II coloca (veja Teologia do Corpo 116,3). E isso envolve passar por caminhos dolorosos, por vezes. Nós somos purificados pelo fogo, e esse fogo pode “queimar” em vários pedaços na nossa vida com grande intensidade. Certamente, Joaquim e Ana não eram estranhos a essa jornada de purificação.

Desde que eu o descobri, o sagrado ícone da Imaculada Conceição se tornou um dos meus preferidos tesouros do Oriente. Contemplar o amor casto de Joaquim e Ana me levou ainda mais, usando as palavras de São João Paulo II, a ser “pleno de veneração pelos valores essenciais da união conjugal… do ato conjugal”. Isso me levou a apreciar mais profundamente o fato de que o ato conjugal “traz em si o sinal do mistério divino da criação e da redenção” (Teologia do Corpo 131:5).

Quando celebrarmos a festa de São Joaquim e Sant’Ana em 26 de julho, que possamos estar repletos da grande veneração pelo seu matrimônio, e que não estejamos com medo da “total purificação” necessária ao seguir seu exemplo. Amém.

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Autor: Christopher West

Fonte: TOB Institute

Traduzido por Maria Augusta Viegas – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Comunicação e Formação.

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