5 Mulheres Subestimadas na Bíblia

É uma verdade desconfortável a que, ao longo da história, as mulheres foram frequentemente esquecidas, silenciadas e maltratadas. Já os planos de Deus para as mulheres, desde o início, foi bem mais perfeito, muito mais frutuoso do que o mundo tem para oferecer. Sojouner Truth, no seu discurso “Não sou uma mulher”, na Convenção dos Direitos das Mulheres em 1851, lembrou dessa realidade quando ela escreveu o seguinte: “Então, esse homem de preto aqui, ele diz que mulheres não têm tantos direitos como os homens porque Cristo não era uma mulher! De onde Cristo veio? De onde Cristo veio? De Deus e de uma mulher!” A Igreja Católica e a Bíblia estão cheias de mulheres que tiveram papéis monumentais em ajudar no avanço do plano salvífico de Deus. 

Enquanto Maria é certamente o pináculo da mulher que ajudou a alcançar o plano de Deus (quero dizer, Mãe de Deus, pois não se pode ter título melhor que esse), existem várias outras mulheres bíblicas que são fortes, valentes e corajosas em dar o seu “sim” a Deus.

Joquebede e Miriam

Virtudes: Fé, Coragem.

Imagine dar à luz um filho e enfrentar a realidade de que, a qualquer momento, essa criança vai ser morta simplesmente porque o líder tem medo de o seu poder ser derrubado. É impensável! Essa é a situação em que Joquebede se encontrou ao dar à luz o seu filho, Moisés. Ao invés de renunciar o seu papel de mãe diante do faraó ganancioso, Joquebede pensou em um plano para dar vida ao seu filho, mas isso significaria abrir mão dos seus desejos – de criar seu próprio filho – e confiar essa criança a Deus. Quando Moisés tinha três meses e sua mãe já não podia mais escondê-lo, ela o colocou em uma cesta no rio, perto do local que a filha do faraó frequentava. Joquebede enviou sua filha mais velha, Miriam, para assistir. De forma providencial, a filha do faraó vê Moisés, tem piedade dele e decide criá-lo como se fosse seu. Miriam corajosamente pergunta à esposa do Faraó se ela precisava de alguém para cuidar do bebê. A esposa do Faraó diz que sim e Joquebede é contratada para cuidar do seu próprio filho (sem que ninguém soubesse de seu parentesco com o bebê).

Apesar de essas histórias serem curtas, aprendemos de Joquebede a importância de confiar um futuro desconhecido ao Deus conhecido, não sucumbindo ao medo e cedendo a lideranças corruptas. De Miriam, nós vemos o poder de ser corajosa e de pedir pelas coisas que o nosso coração aspira: “quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt 7, 11).

Débora

Virtudes: Sabedoria e Julgamento Correto.

Débora é uma profetisa e a única mulher juíza de Israel, o que é bem radical, considerando a sociedade dominada por homens da época! Nós lemos sobre ela nos capítulos 4 e 5 de Juízes. Débora encorajou um líder militar, Barac, a conquistar os Cananitas, pessoas que estavam oprimindo os israelitas, povo escolhido de Deus. Sísara, o líder do exército cananeu, era especialmente poderoso. Barac pediu à Débora para acompanhá-lo e ela aceitou, mas o alertou de que a vitória não seria dele, mas de uma mulher e, primordialmente, de Deus: “Está bem, eu irei contigo. Contudo, não será tua a glória da expedição que fazes, pois o Senhor vai entregar Sísara às mãos de uma mulher” (Jz 4, 9). 

E quando Barac duvidou que pudessem vencer o poderoso exército de Sísara, Débora o lembrou que Deus estava no lado deles: “Fica em prontidão, porque hoje é o dia em que o Senhor entrega Sísara em tuas mãos. Ele mesmo é teu guia” (Jz 4, 14). Todo o exército de Sísara foi derrotado, mas Sísara escapou à casa de uma mulher local, Jael. Então, como Débora previu, Jael, reconhecendo que Sísara era um homem mau, o matou. Débora e Barac louvaram a Deus e Israel teve paz por 40 anos.

De Débora, nós aprendemos como a sabedoria e o julgamento correto podem nos ajudar a seguir o plano de Deus e que seguir o plano de Deus sempre traz paz.

Rute

Virtude: Lealdade.

Rute é uma das duas mulheres que tem um livro nomeado em sua razão (sendo Ester a outra). Isso já é incrível. Nesse livro, nós primeiro conhecemos a família de Noemi, composta por seu marido e dois filhos. O marido de Noemi morre, seus filhos se casam com Rute e Orfa, mas eles também morrem. Então, restam apenas essas três mulheres viúvas – um status bastante vulnerável para uma mulher. Noemi decide voltar para Israel, sua terra natal, sabendo que a vida seria difícil para ela, como uma mulher velha e viúva. Mas Rute, uma moabita, decide permanecer ao lado de Noemi: “Para onde fores, eu irei, e onde quer que passes a noite, pernoitarei contigo. O teu povo é meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1, 16). 

Rute conhece um nobre homem chamado Boaz que, apesar do status de Rute (estrangeira e viúva), mostra compaixão e a ajuda com comida para ela e sua família. Ela eventualmente pergunta a Boaz, em um momento corajoso, se ele se casaria com ela e proveria a ela e Noemi. Boaz aceita e comenta sobre o caráter virtuoso de Rute, ressaltando a sua incrível lealdade. Rute se torna a tataravó do Rei Davi e uma ascendente de Jesus.

Rute nos ensina que lealdade aos outros é também um caminho para ser leal a Deus. Deus recompensa nossa lealdade e transforma nossas feridas em alegrias. As pequenas ações de Rute superam o fato de ela ser da linhagem de Jesus, nunca subestimando o poder de ações pequenas e leais aos olhos de Deus!

Ana

Virtude: Esperança.

Encontramos Ana em um breve momento do Evangelho de Lucas. Uma velha viúva, lemos que Ana tem 84 anos e viveu no templo, jejuando e rezando todos os dias desde que seu marido morreu após um curto casamento de sete anos. Nós podemos pressupor que Ana esteve nesse templo por décadas. Ela escutou a promessa do Messias, o Escolhido que iria trazer a redenção a toda Jerusalém. Ela esteve esperando, rezando. Quantas pessoas, eu me pergunto, Ana viu entrar e sair do templo? Será que ela imaginou que iria viver para ver a sua salvação?

Quando José e Maria – um pobre casal de Nazaré – chega ao templo para apresentar seu filho, Jesus, a Deus, devido ao costume judeu, Ana é capaz de reconhecer o Salvador na face de um pequeno e pobre bebê e, “naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2, 38).

De Ana, aprendemos o poder da esperança – esperança porque temos a Deus, que cumpre as suas promessas. E nós também aprendemos algo poderoso: quando fixamos nosso olhar em Deus ao invés de nos distrairmos com o mundo, adorando a Ele pela oração e jejum, a nós vai ser dada a graça de reconhecê-Lo. Deus está presente nos momentos ordinários, nas pessoas. Ele está presente (talvez, principalmente) nos humildes, basta que nós tenhamos olhos para ver.

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Autor: Caitlin Sica

Professora de Teologia em uma escola de ensino médio católica, mestre em teologia pela Universidade de Notre Dame.

Fonte: Life Teen

Traduzido por Maria Augusta Viegas – Membro do Grupo de Estudo DATING em Brasília – DF e servindo no Núcleo de Tradução da Rede de Missão YOUCAT BRASIL.

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