Hoje celebramos a memória da Paixão de São João Batista. Ele se apresenta como uma espécie singular entre os mártires cristãos, de forma que precedeu Cristo na morte. Ademais, ele não morreu por diretamente professar a fé em Cristo, nem foi exigido que ele o negasse. No entanto, ele é considerado um mártir pela Igreja. E por que?
São João Batista não morreu porque se recusou a negar Cristo, mas porque se recusou a negar a verdade, o que, ao final, se resume à mesma coisa. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6). Aquele que proclama verdade, proclama Cristo. Aquele que nega a verdade, nega Cristo.
A verdade particular pela qual João Batista deu sua vida é importante especialmente para o nosso tempo, pelo fato de ele ter morrido por falar a verdade a respeito do matrimônio.
Veja, mesmo tendo Herodes aprisionado João Batista, ele realmente gostava de João. Ele gostava de ouvir João falar, ainda que suas palavras fizessem-no sentir-se incomodado. A verdade tem essa peculiaridade.
Uma das verdades que deixou Herodes desconfortável foi a verdade sobre o seu “casamento”. Herodes havia se casado com Herodíades, a mulher de seu meio-irmão Filipe. A lei judaica proibia casar-se com a mulher de seu irmão enquanto ele ainda estivesse vivo, e Filipe estava vivo. Herodes presumiu que o poder político o colocasse acima da lei, mas João Batista não teve medo de dizer a verdade ao poder. O casamento de Herodes era ilegítimo e, assim, não havia casamento algum. Era adultério. João nomeou-o como tal.
Essa verdade incomodou Herodes, mas especialmente incomodou Herodíades. Os Evangelhos nos contam que, “por causa disso, Herodíades o odiava e queria matá-lo, não o conseguindo, porém.” (Mc 6, 19). Ela finalmente achou sua oportunidade ao enganar Herodes, fazendo-o realizar uma tola promessa de dar à sua filha qualquer coisa que ela quisesse. A pedido de Herodíades, ela pediu a cabeça de João Batista.
Hoje, nossa sociedade é repleta não só de casamentos ilegítimos, mas de casamentos não-naturais. Herodes e Herodíades acreditavam que as regras do matrimônio não se aplicavam a eles. A sociedade atualmente nega que há quaisquer leis, escritas por Deus ou pela Natureza. O casamento é qualquer coisa que nós queiramos que seja, e esperamos que o resto da sociedade aceite o que chamamos de “casamento”, ou algo assim.
Assim como João Batista, pessoas santas e justas são chamadas hoje a falar a verdade, até – e especialmente – aos que estão no poder. Hoje, falar a verdade sobre o matrimônio pode resultar numa espécie de martírio social; talvez, a perda de amigos, da reputação, ou do trabalho. Mas não é um grande salto a partir daí para maneiras mais duras de perseguição – multas, prisão, ou até a morte – especialmente quando aqueles no poder acham a verdade incômoda.
A exemplo de João Batista, aqueles que sofrem perseguições por causa da verdade são mártires por Cristo. Mártir significa “testemunha” e hoje a verdade sobre o matrimônio precisa de boas e corajosas testemunhas. Nós precisamos de mártires pelo matrimônio. Que Deus levante estes mártires em nosso tempo.
Ó Deus, que quiseste que São João Batista precedesse o Seu Filho tanto em seu nascimento como em sua morte, conceda que, assim como ele, tendo morrido como um mártir pela verdade e justiça, possamos também nós lutar corajosamente pela fé que professamos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que convosco vive e reina na unidade do Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos dos séculos.
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Autor: Rev. Mr. Matthew Newsome
Marido de uma. Pai de seis. Diácono Católico Romano.
Fonte: Blog Test Everything
Traduzido por Gabriel Dias – Membro da Rede de Missão do YOUCAT BRASIL, como Voluntário no Núcleo de Tradução e atualmente também participa do Grupo de Estudo YOUCAT DATING em Brasília – DF.