Jesus Cristo ressuscitou hoje – Aleluia! Nosso triunfante dia santo – Aleluia!” é a mensagem que cantamos hoje – nesta Páscoa. O que faz esse dia “triunfante”? Duas razões. A primeira é esta: estamos libertos dos nossos pecados e temos a promessa do Céu se vivermos nossas vidas de acordo com a palavra de Deus e cooperando com Sua Graça. Não é só porque Jesus morreu por nossos pecados que nós encontramos o perdão… houve tantas “figuras messiânicas” muito antes de Jesus e no tempo de Jesus. A diferença é que Ele se levantou novamente dentre os mortos, enquanto os outros não. São Paulo diz: “se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé e ainda estais em vossos pecados”; e depois “somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima” (1 Co 15, 17.19). A Páscoa é de tão grande importância que agora é o início de nossa semana! Isto é, domingo é o Dia do Senhor – TODO domingo é um memorial da Paixão e Ressurreição do Senhor! Mas não é somente um dia para nos recordar, mas para o vivermos e experimentá-Lo quando O recebermos – Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Eucaristia na Missa. O alimento dos alimentos.
O Corpo Ressuscitado de Jesus
A segunda razão pela qual consideramos a Páscoa “triunfante” é que Jesus nos mostra o que acontecerá conosco em nossa ressurreição. A cada semana na Missa, quando professamos o Credo, dizemos: “Creio na ressurreição dos mortos e na vida do mundo que há de vir”. O que isso significa? Muito! Os Evangelistas e São Paulo têm muito a dizer sobre isso. Vejamos.
Quando Jesus ressuscitou dos mortos, ele estava irreconhecível a princípio. Maria Madalena achou que Ele poderia ser o jardineiro:
“Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Eles lhe perguntaram: ‘Mulher, por que choras?’. Ela respondeu: ‘Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram’. Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. Perguntou-lhe Jesus: ‘Mulher, por que choras? Quem procuras?’ Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: ‘Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar’. Disse-lhe Jesus: ‘Maria!’. Voltando-se, ela exclamou em hebraico: ‘Rabôni!’ (que quer dizer Mestre).” (Jo 20, 11-16)
Em Marcos, vemos que os dois homens que caminharam na estrada para Emaús não reconheceram Jesus porque ele estava “sob outra forma” (Mc 16, 12). Porém, em ambas as situações Jesus era claramente reconhecido por Sua voz. Perceba como os dois se perguntaram, “Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho?” (Lc 24, 32).
No que diz respeito ao seu corpo físico, os apóstolos O presumiram ser “um espírito” (Lc 24, 37), porque Ele apareceu no meio deles quando “tinham fechado as portas do lugar onde se achavam” (Jo 20, 19). Com Seu corpo ressuscitado, Jesus não poderia limitar-se a tempo e espaço – e poderia aparecer em qualquer lugar, por Sua vontade.
Vemos em Seu corpo glorificado que Ele poderia ser tocado fisicamente, quando disse a Tomé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado.” (Jo 20, 27). Jesus mostrou que poderia também comer. Vemos duas vezes em que Jesus colocou comida em sua boca para se alimentar. A primeira é no local em que se encontravam os discípulos: “Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”. E dito isso, Ele mostrou suas mãos e seus pés. Enquanto ainda estavam maravilhados e incrédulos de alegria, Ele perguntou, “tendes aqui alguma coisa para comer? Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. Ele tomou e comeu à vista deles.” (Lc 24, 39-43). A segunda foi no lago de Tiberíades (cf. Jo 21, 1-12). Perceba nessa passagem, também, que os apóstolos não tinham reconhecido Jesus.
Nossos próprios corpos ressuscitados
É aqui que as coisas ficam interessantes. Nós também devemos ter nossos corpos gloriosos e ressuscitados – assim como Jesus! Sem dúvidas, você deve querer saber como isso é possível. Agora nos voltemos com atenção a São Paulo. Em sua primeira carta à igreja de Corinto, na Grécia, Paulo nos assegura, “coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam.” (1 Co 2, 9).
Mas como sabemos que isso acontecerá para cada um de nós? Escute a São João (que escreveu o Livro do Apocalipse, com suas esplêndidas visões) – Jesus é o “primogênito dentre os mortos” (Ap 1, 4). Note a palavra “primogênito”… São Paulo se refere a Jesus “como primícias dos que morreram!” (1 Co 15, 20). Primogênito, primícias… Primeiro Jesus e depois cada um de nós ressuscitará.
Creio na Ressurreição da Carne
Outra dúvida que você pode ter: de que maneira tudo isso acontecerá? A igreja da cidade de Corinto perguntou a mesma coisa para São Paulo em uma carta: “Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? E com que corpo vêm?” (1 Co 15, 35).
Aqui está sua explicação em sua carta devolutiva, escrita por volta do ano 56 D.C. (é a primeira carta que ele escreveu a eles, por isso leva o nome de 1ª Carta de São Paulo aos Coríntios).
Todos sabemos que começamos a vida num corpo humano – como um “grão de trigo”, como São Paulo o chama (versículo 37). Ele acrescenta que “O que semeias não recobra vida, sem antes morrer” (versículo 36) e deixa claro: “assim também é a ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível” (versículo 42), o que significa que uma vez que nosso corpo morre e a alma vai imediatamente ao encontro de Deus para ser julgada (que a Igreja chama de “juízo particular”), ela (a alma) posteriormente irá se reunir ao nosso corpo glorificado e ressuscitado, a fim de viver “em Cristo”. É um processo pelo qual devemos passar – “assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão” (versículo 22).
E São Paulo continua dizendo “Eis que vos revelo um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta (porque a trombeta soará). Os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (versículos 51-52).
É o Espírito Santo que realizará tudo isso. “Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11) e “que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (Fp 3, 21). “Semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual” (1 Co 15, 44), mas é bom recordar que nossos corpos espirituais serão plenamente capazes de serem tocados, de terem diversas experiências pelos cinco sentidos, e de se alimentar – apesar de não precisarmos comer. “Assim como reproduzimos em nós as feições do homem terreno, precisamos reproduzir as feições do homem celestial.” (1 Co 15, 49).
O Propósito de tudo isso
Então… passamos por tudo isso somente para sermos capazes de sentar numa nuvem no céu e podermos cantar ‘Aleluia’ por toda a eternidade? “De maneira alguma!” (Rm 11, 1).
Sabemos que nessa vida existe pecado, enfermidades, sofrimento, morte, corrupção etc. Todos esses são considerados nossos inimigos. Os americanos nascidos antes de 1970 tinham o “Catecismo de Baltimore” para guiar sua Fé, cujo parágrafo 6 perguntava: “Por que Deus te fez?” A resposta que tinham de aprender era esta: “Deus me fez para conhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo neste mundo, e para ser feliz com Ele eternamente no próximo”.
A Vida do mundo que há de vir
Permaneçamos com São Paulo. Estes inimigos nos impedem de viver a vida que Deus sonhou e criou para nós… que é a plenitude da vida. Quando Jesus “vir de novo em sua glória” (Credo Niceno-Constantinopolitano), “virá o fim, quando entregar o Reino a Deus, ao Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação. Porque é necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés. O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés” (1 Co 15, 24-26) e “quando tudo lhe [Jesus] estiver sujeito” (1 Co 15, 28). Porém, Deus não irá nos destruir, ou a terra, porque quando criava o mundo Ele declarou ser “bom” e ao criar o homem e a mulher, “muito bom” (cf. Gn 1, 25.31). Assim, Ele não destruirá o que é bom. Pelo contrário, é João no Livro do Apocalipse que aqui assume e compartilha sua visão, como o próprio Deus ordenou que fizesse.
“Vi, então, um novo céu e uma nova terra” (Ap 21, 1) – mas isso não significa que a terra que hoje conhecemos será destruída, mas somente renovada. Ele também escreve, “Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém” (versículo 2). Adiante João diz, “Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: ‘Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. (…)” (versículo 3).
A “nova Jerusalém” que ele enxerga nesta visão celestial é um símbolo que representa a Igreja. Deus vai nos “dominar”, porém não no sentido de um soberano rigoroso. A palavra “dominar” vem do latim… “Dominus” que significa “cheio de Deus”. Essa “nova Jerusalém” será restaurada e elevada, e conhecerá o senhorio de Deus quando Cristo for tudo em todos. É a promessa de Deus a nós: “ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele” (Rm 6, 8)… “viveremos também com ele”. De lá da “nova Jerusalém”, descobriremos que a vida econômica, a vida política, a vida atlética, a vida no entretenimento, a vida no transporte… tudo ficará radiante na presença de Deus. Então, sim, existe futebol no Céu! Mas a coisa mais importante para compreender tudo isso é que todos nós iremos experienciar nossa própria ressurreição dos mortos e certamente será uma ressurreição física. Que Boa Nova! Iremos reconhecer nossos amados lá? Sim… talvez demore um pouco, assim como demorou para os apóstolos e outros reconhecerem Jesus em seu corpo glorioso e ressuscitado, mas São Paulo diz, “e ainda uma estrela difere da outra na claridade.” (1 Co 15, 41), pois existem diferentes dons do Espírito Santo.
Feliz Páscoa a todos!
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Autora: Cynthia Trainque
Serviu à igreja por diversos anos como trabalhadora, escritora e voluntária, e hoje é membro ativo na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Worcester, Massachusetts. Dá aulas e palestras sobre a beleza da fé católica.
Fonte: Catholic Exchange
Traduzido por Gabriel Dias – Membro da Rede de Missão do YOUCAT BRASIL como Voluntário no Núcleo de Tradução. Também participa de Grupo de Estudos YOUCAT DATING, em Brasília/DF.