Como a contracepção me fez sair da Igreja… e me trouxe de volta a ela. (PARTE II)

25 de julho de 2018, marcará os 50 anos que o Beato Papa Paulo VI surpreendeu o mundo com a profética e magnifica encíclica “Humanae Vitae” (sobre a transmissão da vida humana), reafirmando o ensinamento cristão tradicional contra a contracepção. Embora ele tenha sido ridicularizado e desprezado globalmente – tanto de fora, quanto infelizmente, de dentro da Igreja – suas palavras eram prescientes. Ele advertiu que um mundo contraceptivo se torna um mundo de infidelidade desenfreada; um mundo onde mulheres e filhos estão desordenados; um mundo em que os governos atropelam os direitos e necessidades da família; e um mundo no qual os seres humanos acreditam que podem manipular seus corpos à vontade (veja HV 17).

Hoje estamos compartilhando com vocês a segunda de uma série de 3 profundas reflexões que o autor e professor Christopher West nos deixou em seu Blog The Cor Project​.


PARTE II

Eu não tinha nenhuma ideia de que meu recente artigo, “A inconveniente verdade que muitos pessoas pró-vida não querem encarar” seria um sucesso. Mas foi.

Ele foi baseado na convicção de que nunca resolveremos o problema do aborto (quanto mais a difundida cultura da morte e o caos causado pelo gênero) se não tratarmos do problema da contracepção. A discussão que se seguiu tornou bastante claro que muitíssimas pessoas de bom coração têm dúvidas sobre esse assunto.

Gostaria de compartilhar um pouco da minha própria história em relação à questão da contracepção. Lutei contra Deus, por muito tempo, sobre esse assunto – e adivinha quem ganhou. Talvez, ouvir um pouco do que eu vivi e sobre a mudança em meu coração possa jogar um pouco de luz nesse assunto para outras pessoas.

Vamos até o começo de 1987. Eu tinha 17 anos e namorava uma garota havia mais ou menos cinco meses. Certo dia, à tarde, ela me ligou dizendo que seus pais iriam sair aquela noite. Aquela seria “a” noite. Enquanto eu ia para a casa dela, entrei numa farmácia e, pela primeira vez em minha vida, comprei um pacote de camisinhas.

Quando fui pagar por ele, algo dentro de mim naufragou. De alguma forma, eu sabia que estava tomando uma concreta decisão de me separar de Deus. Não que eu tivesse sido um santo até aquele momento. Se eu ainda tivesse algum relacionamento com Deus, ele estava por um fio. Mas, naquele lugar – dentro de uma farmácia na rua Columbia na Pensivânia, EUA – enquanto eu pagava pelos preservativos, eu sabia que estava rompendo o fio. Minha consciência estava gritando para mim: “Não faça isso!”. E eu gritava de volta: “Cale-se! Eu vou, sim!”.

Contrariamente ao difundido mantra o qual afirma que usar camisinha é “ser responsável”, os preservativos facilitaram uma série de comportamentos irresponsáveis em minha vida. Meu comportamento promíscuo acompanhou-me nos anos de faculdade, e um dia eu finalmente passei a concordar com o que a Igreja ensinava a respeito do sexo – exceto quanto à contracepção. Abandonei o sexo antes do matrimônio, mas eu achava que, depois que me casasse, poderia fazer sexo sempre que quisesse (sem me preocupar quanto a criar 15 filhos). Além disso, qual era a diferença entre contracepção regulação natural da procriação se ambos eram usados para evitar a gravidez?

Quanto mais eu crescia na fé católica, mais esse assunto se tornava uma verdadeira “pedra no sapato”. Afinal, uma das características diferenciais dos católicos é professar e crer em TUDO que a Igreja acredita e professa. Aqueles que se convertem à Igreja devem específica e publicamente professar que eles assim o fizeram. Aqueles que nasceram em berços católicos, por outro lado, podem facilmente cair na hipocrisia de acreditar só naquilo que lhes é “confortável”. Eu sabia que, se não me adequasse àquele “maldito” ensinamento, seria mais coerente comigo mesmo tornar-me protestante (eu já estava protestando contra o ensinamento da Igreja; não é isso que faz de alguém um “protestante”?). Então, eu procurei por respostas.

Conversei com padres mal formados que me aconselharam a não preocupar-me com esse assunto, porque a Igreja, um dia, mudaria esse ensinamento ultrapassado. Conversei com casais católicos que eu achei que estivessem comprometidos com a fé e descobri que eles haviam permanentemente se esterilizado com a benção dos seus párocos. Ainda insatisfeito, minha busca finalmente me levou a um livro chamado “A Ética Sexual Católica” (Catholic Sexual Ethics). Essa foi a primeira coisa que eu achei que, sensatamente, explicou o ensinamento da Igreja e me ajudou a entender o que se passa por detrás desse assunto.

Alguma coisa, dentro de mim, parecia que havia novamente afundado. A Igreja provou que eu estava errado em uma série de assuntos, e eu não queria abrir mão dessa última questão. Exigiu de mim mais pesquisas, oração e humildade até que as escamas caíssem dos meus olhos. O orgulho morre com muita dificuldade.

Olhando para trás, maravilho-me do modo como essa questão, a qual já rompeu meu relacionamento com Deus (e com a Igreja), trouxe-me de volta a ela.

Aceitar esse ensinamento mudou o modo como eu vejo… todas as coisas. O ensinamento da Igreja contrário à contracepção é onde a porca torce o rabo (trocadilho intencional). Nessa questão, vivenciamos um embate dramático, ainda que às vezes de modo velado,  entre as forças do bem e do mal, entre a decisão humana fundamental por amar ou não, por escolher a vida ou o oposto dela. Na verdade, como eu aprendi, a visão cristã integral acerca de o que significa ser homem e mulher feitos à imagem de Deus tanto pode ser reafirmada quanto contradita quando se trata de contracepção... e, por causa disso, a própria civilização se reafirma ou se contradiz nessa questão.

Isso soa estranho? Eu também achava que era. Até que eu comecei a ler acerca da história dessa questão e o que alguns proeminentes pensadores do início do século XX afirmaram que aconteceria se a contracepção se tornasse algo comum.

Compartilharei o que eu descobri no próximo artigo.

Clique aqui para ler o artigo anterior.


Autor: Christopher West

Fonte: Esse post é original do site “Cor Project”.

Traduzido por Tiago Veronesi Giacone – Membro da Rede de Missão Campus Fidei.

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