Eu gostaria que tivesse os olhos e a fé que os meus filhos têm. Tendo voltado para os Estados Unidos por alguns meses, eles estão apontando todos os pobres e moradores de rua em qualquer esquina.
“Ah, papai, nós perdemos ele porque o sinal estava verde, mas talvez possamos parar e ajudá-lo na volta…”
Crianças têm o coração mais belo. Às vezes é como se os meus filhos quisessem procurar os pobres, encontrar com todos eles e dar a eles tudo que precisam. É realmente uma qualidade muito bonita de testemunhar nas crianças. Muitas vezes, meu coração pode ser frio e amargo, e algumas vezes, eu vejo os pobres como um inconveniente ou um obstáculo que apareceu no meu dia. Você se identifica?
Dando aos pobres o nosso melhor
No ano de 2016, o Papa Francisco escreveu uma carta apostólica chamada Misericordia et Misera (Miséria e Misericórdia) na qual ele chamou e introduziu o primeiro “Dia Mundial dos Pobres”. Nós celebramos essa festa como Igreja pela primeira vez em 19 de novembro de 2017. Esse dia foi celebrado com uma bela missa na Basílica de São Pedro, seguido de um delicioso almoço para os pobres de Roma. Durante o almoço, os pobres foram servidos com comida e bebida elegante, assim como Vitela Cutlet e café gourmet em belas mesas com toalhas de linho brancas. A sua mensagem para os pobres foi simples: Você é importante aos olhos de Deus! Nós te amamos o bastante para dar o nosso melhor!
Eu fico um pouco envergonhado de dizer isso, mas muitas vezes na minha vida, eu percebi que eu dei para os pobres o que restou ao invés das minhas primeiras frutas, meu segundo ou terceiro melhor ao invés do melhor de todos, e o meu troco ao invés da minha abundância. É simplesmente difícil e meu coração precisa ser perfurado e transformado uma vez ou outra.
Alguns anos atrás, nossa família estava vivendo em uma pobre cidade da América Central e um amigo local estava tentando se manter sóbrio e encontrar um lugar para viver. Nós procuramos em todos os lugares para encontrar uma casa básica para viver, mas ninguém queria alugar uma casa a ele, porque tinha quebrado todas as pontes possíveis. Eu estava pensando em como poderíamos encontrar uma casa para ele quando minha filha de 6 anos resolveu de forma tão simples:
“Papai, por que a gente não deixa ele dormir no nosso quarto? Ninguém nunca dorme naquela cama extra ali”.
Madre Teresa de Calcutá um dia disse:
“Pobreza não é criada por Deus, mas por mim e você quando não partilhamos o que temos”.
Oh, quão certa ela está e, se nossas crianças comandassem o mundo, provavelmente não haveria tanta pobreza. Afinal de tudo, vários de nós temos camas extras nas quais não dormimos, roupas que nunca usamos e comida que desperdiçamos todos os dias. Por que nós tornamos tudo tão complicado? Eu deveria seguir os conselhos da minha filha e do Papa Francisco, desenrolar o linho fino e alimentos e dar tudo o que tenho quando se fala em servir aos pobres. Afinal de contas, Jesus diz que Ele veio para os pobres.
Os pequeninos
Nós estamos familiarizados com Mateus 25, que culmina nas palavras de Jesus Cristo:
“E ele responderá: ‘Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’.” Mt 25, 40-45
Nós acreditamos que Jesus é o homem e mulher pobre pedindo e nos incomodando? Nós vemos os olhos de Jesus nos marginalizados e encarcerados? Com certeza é difícil fazer isso às vezes.
No fim das contas, nós encontramos uma casa para o nosso amigo morar, e ele era só sorrisos quando lhe entregamos as chaves. Ele redescobriu a sua dignidade, que estava enterrada tão profundamente depois de tantos anos de vergonha e medo. Nós demos uma pequena festa e convidamos os seus amigos mais próximos. Foi uma bela noite; um dos “pequeninos” foi procurado, encontrado, encorajado, rezado com, confiado, protegido e retomado a dignidade.
“Você me trouxe para dentro”
Durante a homilia da missa do primeiro “Dia Mundial dos Pobres”, o papa Francisco declarou:
“Lá, nos pobres, manifesta-se a presença de Jesus, que, sendo rico, Se fez pobre (cf. 2 Cor 8, 9). Por isso neles, na sua fragilidade, há uma «força salvífica». E, se aos olhos do mundo têm pouco valor, são eles que nos abrem o caminho para o Céu, são o nosso «passaporte para o paraíso»”.
Esse trecho é maravilhoso para refletir porque muitas vezes eu vejo as coisas ao contrário. Eu sou tentado a ver meu bem-estar e minhas posses como um passaporte para os pobres. Eu sou tentado a acreditar que eu posso abrir as portas do céu para os pobres, mas isso não é como as Escrituras contam a história.
Meu encorajamento é que todos nós busquemos os pobres na nossa vida. Faça isso de verdade. Encontre-os, corra atrás deles, procure conhecê-los, alimentá-los, vesti-los, reze com eles, seja amigo deles, e leve-os para os pés de Jesus, o único que pode preencher todas as suas necessidades. Um dia nós vamos estar diante dos pobres, mas eles vão parecer igual a Jesus, e Ele vai olhar nos nossos olhos e dizer “o que você fez para os pequeninos enquanto estava na terra?”
“E, no final da nossa vida, nós não vamos ser julgados por quantos diplomas nós recebemos, quanto de dinheiro tivemos ou quantas coisas grandiosas fizemos. Nós vamos ser julgados por ‘eu tive fome e me deste de comer. Estava nu e me vestistes. Era peregrino e me acolhestes”. (Santa Teresa de Calcutá)
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Autor: Phillip Douglas
Ele, sua esposa e seus seis filhos são missionários, atualmente servindo na Ásia com a Family Missions Company.
Fonte: Ascension Press
Traduzido por Maria Augusta Viegas – Membro da Rede de Missão Campus Fidei, servindo no Núcleo de Tradução e no Núcleo de Formação.